segunda-feira, outubro 22

México

Pirâmide do Sol em Teotihuacan. Anterior ao Império Asteca, ainda há muitos mistérios sobre a civilização que a construiu.

Depois de dois meses, a rotina do México começa a se organizar.
Nosso bairro, Coyoacan, é uma graça. Pequeno, tranquilo, histórico, hospitaleiro. As crianças já vão à escola. Já conheço as ruas pelo nome.
Comprei um livro de História para conhecer melhor os personagens que dão nome às ruas. Terminei de ler o excelente "O Asteca", o que já me ajudou bastante.
Tenho vontade de conhecer melhor o que vejo. Em uma primeira impressão, o que mais me chama a atenção é perceber como a alma asteca paira no ar, de uma maneira que nunca percebi nossas origens indígenas se sobressaindo no Brasil. Pelo menos não no Sul e no Sudeste e nas cidades das demais regiões que eu visitei. Quando observei uma influência indígena, parecia estar mais relacionada às tribos ou ao que restou delas, ao que existe hoje, não ao que existia antes da chegada dos portugueses. Como se a nossa missigenação nos tivesse transformado em algo totalmente novo. Não sou antropóloga. São apenas impressões.
Por aqui, em todos os aspectos da vida cotidiana, percebo a influência da cultura pré-hispânica. Nos nomes das ruas, na arquitetura, nas tradições, na alimentação, nos temas das artes plásticas, na moda, nas capas expostas nas livrarias. Também são ressalatados os mariaches, Frida Kahlo e Diego Rivera, mas chama a atenção o tema "astecas" e outras referências aos povos, tradições e artesanato de origem pré-hispânica.
Vejo com assombro de turista, que o Centro do Mundo Único, o coração de Tenochtitlán, capital do império asteca, destruída por Cortés, está ressurgindo no centro da cidade do México, por debaixo das antigas contruções espanholas. Em cima das ruínas do Templo Maior e do centro do universo asteca, os espanhóis construíram sua Catedral Metropolitana e edifícios de governo. Devido a fatores geológicos (ou por vondade dos deuses, segundo alguns) muitos desses edifícios estão visivelmente tortos e o que restou de Tenochtitlán está emergindo nas escavações recentes. No pátio inclinado da entrada da Catedral Metropolitana, centro histórico da Cidade do México, foram instaladas vitrines para o subsolo de forma que agora os turistas podem ver as pinturas coloridas dos prédios astecas que, pensava-se, haviam sido sublimados. As cores astecas voltam à luz do dia já que nunca foram realmente aniquiladas. Conheço pouco ainda do México, mas me parece que sob a máscara da nova civilicação, permanece a alma asteca. Essa é a minha primeira impressão.

Desejo do dia: que a nossa mudança chegue logo.