segunda-feira, dezembro 20

Amigo secreto


Mais uma árvore dos desejos que encontrei por aí.
Quando vi o nome da minha amiga secreta, lembrei dela.

Depois que criei esse blog, conheci muitas pessoas interessantes, virtualmente. Tenho sido espantosamente extrovertida por aqui, mas a verdade é que eu sou, como diriam os astrólogos, um caranguejo na minha casca, assustada com aquela frase do Millor: "Quão maravilhosas as pessoas que não conhecemos bem". Por isso, penso que sou algum tipo de amiga sempre secreta ou simplesmente estranha.

Eu acho que não participaria de um encontro de blogueiros, sou muito encabulada para essas coisas (reais), mas participei de um amigo secreto, (virtual). A idéia é fazer uma homenagem, hoje, para os nossos amigos secretos.


Não sei muito sobre a menina que tirei, mas ela escreve com sinceridade a respeito de suas angústias, estranhamente muito parecidas com as minhas. O que me faz pensar que, apesar de todo nosso esforço, nós humanos somos desconcertantemente parecidos.

Minha homenagem é um texto de Victor Hugo que fala sobre desejos (o mais sincero que conheço) e que inspirou uma música dos Titãs, para essa menina que se tem o apelido de
Minerva e cujo nome, não sei se posso revelar.

"Desejo primeiro que você ame, e que amando, também seja amado. E que se não for, seja breve em esquecer. E que esquecendo, não guarde mágoa. Desejo, pois, que não seja assim, mas se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos, que mesmo maus e inconseqüentes, sejam corajosos e fiéis e que pelo menos num deles você possa confiar sem duvidar. E porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha inimigos. Nem muitos, nem poucos, Mas na medida exata para que, algumas vezes, você se interpele a respeito de suas próprias certezas. E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo, para que você não se sinta demasiado seguro.

Desejo depois que você seja útil, mas não insubstituível. E que nos maus momentos, quando não restar mais nada, que essa utilidade seja suficiente para manter você de pé. Desejo ainda que você seja tolerante, não com os que erram pouco, porque isso é fácil, mas com os que erram muito e irremediavelmente, e que fazendo bom uso dessa tolerância, você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você, sendo jovem, não amadureça depressa demais e que sendo maduro, não insista em rejuvenescer e que sendo velho, não se dedique ao desespero. Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e é preciso deixar que eles escorram por entre nós.

Desejo por sinal que você seja triste, não o ano todo, mas apenas um dia. Mas que nesse dia descubra que o riso diário é bom, o riso habitual é insosso e o riso constante é insano. Desejo que você descubra, com o máximo de urgência, acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos, injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.

Desejo ainda que você afague um gato, alimente um cuco e ouça o joão-de-barro erguer triunfante o seu canto matinal porque, assim, você se sentirá bem por nada. Desejo também que você plante uma semente, por mais minúscula que seja e acompanhe o seu crescimento, para que você saiba de quantas muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro, porque é preciso ser prático. E que pelo menos uma vez por ano coloque um pouco dele na sua frente e diga 'isso é meu', só para que fique bem claro quem é o dono de quem.

Desejo também que nenhum de seus afetos morra, por ele e por você, mas que se morrer, você possa chorar sem se lamentar e sofrer sem se culpar. Desejo por fim que você sendo homem, tenha uma boa mulher e que sendo mulher, tenha um bom homem e que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes. E quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda haja amor para recomeçar.

E se tudo isso acontecer, não tenho mais nada a lhe desejar ". (Victor Hugo)

Desejo do dia: este mesmo.


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