terça-feira, dezembro 7

Síndrome de Expat


Vista da trilha do Victoria's Peak para o Centro e a Baía de Hong Kong. O prédio maior é o IFC II e tem 88 andares.(Outras fotos)

Em pouco mais de um mês estaremos voltando para o Brasil. Desde já estou me despedindo de Hong Kong. Tenho ido caminhar na trilha que sobe e dá a volta no Victoria’s Peak, morro que fica no centro da cidade e é um famoso ponto turístico (foto). São duas horas de caminhada, de porta a porta. A vista lá de cima é surreal, para a mata e para os prédios, para a baía e para o porto.

Fico observando a cidade de todos os ângulos, de dentro da mata fechada (aqui os morros não têm favelas, só mansões), meditando sobre tudo o que aprendi e sobre o que deve acontecer daqui para frente. Agradeço a Deus (que está em todas as coisas) e tento viver o momento. Sei que não vou conseguir evitar aquela sensação de pensar: “Algum dia eu realmente estive aqui/lá?”. Lembrando deste apartamento querido como passado.

Dizem que, apesar de termos uma turma gostosa, o ruim de Hong Kong é que as pessoas estão sempre de passagem. São profissionais expatriados ("expat"), que ficam poucos anos e seguem adiante. Eu nunca havia ouvido falar desta condição. Profissionais de "20 e poucos" anos em diante, que passam a vida mudando de país para país, trabalhando para grandes empresas, tradings, bancos. Que conseguem fazer um lar em cada lugar, tendo filhos e voltando pelo menos uma vez por ano para visitar a família no Brasil. Aproveitam para viajar por muitos países, mergulhar, surfar, fotografar. Sem necessariamente ficarem ricos.

Além dos brasileiros, temos amigos de todos os lugares do mundo, em sua maioria, jovens como nós. Não são estudantes e sim profissionais expatriados. Essas amizades me dão uma visão diferente do mundo. Nos mais de 20 anos que passei em Floripa e nas poucas viagens que fiz ao exterior, conheci poucos estrangeiros. Não fazia muita idéia de como eram as outras culturas.

Agora sei que Floripa é realmente linda. Mas é pequena. O Brasil é lindo, mas também é pequeno. Eu peguei essa síndrome de conhecer mais lugares e mais pessoas e mais paisagens, mas não só por turismo.

O que vejo do alto do Peak, por trás do nevoeiro do entardecer, do explendor das luzes da cidade, é um futuro que nos reserva grandes oportunidades e algumas saudades.



Vista da trilha do Victoria's Peak para a Baía e o Porto de Hong Kong. Nosso prédio tem 27 andares. Moramos no 23o. (Obs: desculpem-me pelas setinhas toscas. Preciso de lições de Photoshop!)

Desejo do dia: energia.


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