terça-feira, dezembro 14

Um "must"

Situando: toda vez que eu digo que não gosto de alguma coisa, o Bruno vem que dizer “Essa é nova!” ou "não generalize" e eu faço cara de "nunca gostei". Aí, qualquer dia ele vem me perguntar “Ué, você não disse que não gostava disso?”. “Quem, eu? Não foi bem assim”.

Pois então, não me dou com propagandas. É como aquele mau ator que estraga um filme porque você percebe que é uma pessoa atuando. Incomoda-me perceber uma propaganda.

Não gosto de pensar que eles me analisaram por inteiro, tentaram criar algo que chamasse a minha atenção, que me provocasse um sentimento “x” e a vontade de ter determinado produto. “Veja como esse sapato é ousado”, “como essa cerveja é bem-humorada” e “como esse carro é jovem”. “Seu ator preferido adora”. Pessoas ricas e sorridentes fazendo esportes raros - “Esse é o mundo de Chivas” ou algo assim. Se eu fosse rica e sorridente nunca compraria Chivas, só de birra.

Me incomodam 95% dos slogans, vindos da mente pretenciosa de uma equipe que estava crente que iria me impressionar, após investigar minhas aspirações mais profundas, meu comportamento de massa.

Eu sei que é propaganda é uma indústria como qualquer outra, que envolve agências, pesquisadores, modelos, diretores, fotógrafos, meios de comunicação, lobistas, enfim, muitos empregos e muitas carreiras interessantes. Mas estou sempre me sentindo atacada.

Sem dúvida, eu compro produtos, tenho marcas preferidas e quero saber mais sobre elas. Eu tenho uma vida mais supérfula do que gostaria e alguns reclames realmente conquistam minha afeição. Estou vendo dezenas de marcas ao meu redor, todas adqüiridas em algum momento em que a estratégia de marketing proposta por elas funcionou. Ainda assim, propagadas metidas me ofendem.

Fico fula quando a Nike começa a falar da minha aura porque acredita que mulheres da minha idade estão preocupadas com isso. Bom, nem por isso eu deixarei de comprar o tênis, se eu gostar e não custar uma bica.

Além do mais, as propagandas andam muito parecidas, chatas. Não consigo deixar de perceber que aquelas pessoas são modelos, que foram contratadas para sorrir daquele jeito, fazer aquela pose, que têm fita crepe nas costas, para ajustar as roupas, que há um diretor por trás da cena e uma equipe cansada. Depois, um cara no computador vai tirar todas as imperfeições das pessoas e colocar alguns efeitos. Todos reproduzindo a idéia de publicitários que se degladiam diariamente, cada um tentando ser mais criativo e genial que o outro.

Os filmes também estão uma chatice com os merchandisings mais óbvios. Um ator que amarra seu All Star, um outro que bebe Coca-Cola e só falta fazer o sinalzinho de “Ok” das Organizações Tabajara.

Bordões, então, nem se fala. A palavra bordão por si só já é um tapa na cara. Pois é, “tolerância zero”!

(Então. Estou com um pouco de mau humor.)


Desejo do dia: ser uma boa companhia.

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