quinta-feira, outubro 28

"Lost in Translation"

Beijing, avenida em frente à Praça da Paz Celestial

"Lost in Translation" é um filme que penso que só quem já visitou o Oriente pode entender bem. Assistimos o outro dia e rimos muito. Nosso passeio em Beijing (Pequim) foi parecido, pois lá não se fala muito o inglês.

Beijing é uma cidade ampla e aparentemente organizada, de grandes avenidas, para 2 milhões de carros e 8 milhões de bicicletas. É a capital de um país comunista, onde os monumentos são imensos e a história se conta em milênios. Onde as pessoas podem ser gentís e amistosas ou ignorar você completamente. Para entendê-la é preciso ter um olhar diferente, decifrando os costumes e comportamentos como se estivessem escritos em mandarim. Talvez ter um olhar menos capitalista, individualista, apressado e idealista. Saber olhar com os olhos de uma outra cultura e de uma outra história.

A Cidade Proibida é coração de Beijing, imensa e totalmente voltada para a figura do imperador. Memória de uma época em que todos viviam para ele. Depois, o comunismo fez com que todos passassem a viver para o povo - talvez nunca para si mesmos. A cidade é, assim, um monumento do que ficou no passado.
Em frente à Cidade Proibida está a Praça da Paz Celestial, rodeada por edificações mais recentes do governo, igualmente grandes e imponentes. Nela, as pessoas idolatraram Mao, manifestaram-se contra ele, festejaram e morreram. Ao redor, os quarteirões são murados e encerram vilas antigas e humildes. Ambientes muito diferentes, no centro da China moderna.

Beijing não tem muitos prédios altíssimos, coloridos e modernosos como Hong Kong, mas Shanghai (Xangai) está sendo construída assim, para ser uma nova Hong Kong. Beijing é como Floripa, uma cidade administrativa e turística. Sua amplidão lembra Brasília.

Olhando pelos becos e através das aparências, por toda a cidade, em meio às largas avenidas, hotéis e centros comerciais, pode-se notar algo como uma pobreza cinzenta. A economia da China está crescendo de forma acelerada. Algumas pessoas vêm enriquecendo muito, mas a grande maioria parece permanecer na mesma pobreza igualitária. Por outro lado, não se vê muita miséria, que dizem existir mais no interior. A vida parece boa e a cidade demonstra um grande respeito pelas pessoas mais velhas, que acordam cedo para se exercitar nos parques.

Em Beijing, os chineses parecem ter uma alegria comedida, vestindo-se com sobriedade em cores fortes, cinza e preto. Os homens usam ternos para passear no fim-de-semana, ternos escuros, que acabam amarrotados.

Beijing me deixou sem palavras, sem entender nada. Tenho aprendido e visto tantos detalhes, que não sei como descrevê-los. Admito que não sei o que se passa por detrás daqueles muros, padrões e olhos escuros. Acho que precisaria de muito tempo para entender.


Fotos da Viagem.

Mais sobre a China.

Desejo do dia: Parabéns para o sogrão-zen!

Nenhum comentário: