sexta-feira, setembro 10

Knowing me, knowing you... ahaaaa

Depois que fomos ver o Musical “Mamma Mia”, o Bruno tá sempre ouvindo e cantarolando essa e outras músicas da peça. Já disse para ele parar com isso porque gostar de ABBA é coisa de gay. (Brincadeirinha, o cantarolar é contagiante e não há problema nenhum em ser gay - quer dizer, no caso do meu marido eu não ia curtir muito não... ih, me enrolei...).


Centro de Hong Kong, Banco da China no fundo, à esquerda. (Fonte da foto).

Esses dias fui dar uma caminhada pelo centro da cidade à noite (não se preocupem, mãe e pai, é super-seguro!), tentando perceber todos os detalhes e divagando.

Andei até os pés do Banco da China, um dos mais belos prédios do mundo, me sentindo uma mosquinha atraída pela luz. Voltei pela rua das lojas caras, Prada, Armani, Tifanny’s e outras cujos nomes já esqueci porque não fazem parte do meu vocabulário. Pensei tanto que acho que esvaziei a cachola. Tudo a minha volta era caro e imponente, mas também um pouco bobo. Prédios que pareciam grandes brinquedos coloridos, cheios de luzinhas, roupas estranhas que eu nunca teria colocado na minha Barbie...

Uma ou outra chinesinha passando com suas blusas sem decote e sapatos baixos. Homens de terno que saíram mais tarde do trabalho. Trabalho, trabalho, trabalho para ficar o dia todo num prédio de Lego e comprar casacos de 5.000 dólares que parecem feitos de papel colorido. É claro que deve fazer muito sentido. Mas é uma vida tão diferente da minha...

Fico pensando na receita cultural que criou tudo isso. Sabe quando você junta duas massas grossas e mistura? Naquele momento em que fica tudo mechido mais ainda dá para ver as duas massas? Hong Kong é um pouco assim. Há ocidente e o oriente, mas não há uma fusão completa. Há muito do mundo ocidental, mas a cultura e as tradições orientais são evidentes. As velhinhas, quase de pijamas, sentam, conversam e comem no meio de calçadas movimentadas, envoltas num sistema de valores e idéias que poucos ocidentais conseguem compreender.

Às vezes penso que em HK há dois mundos paralelos. Um no qual eu posso interajir, e outro no qual não posso. É como um espelho. Posso ver nele o reflexo das coisas a minha volta, mas não posso entrar. Também como num espelho, tenho a impressão de que tudo o que está “do lado de lá” está ao contrário. Não entendo gostos, costumes, piadas, moda, valores, escrita, idioma (nem se fala!). Não falo de tipo físico, mas de comportamento. Vejo-os como seres humanos, iguais a mim, mas é estranho não compreender o que se passa. Acabo chamando-os de “eles”, “os chineses”. Será que esse tipo de sentimento facilita o conceito de escravidão e as guerras? Faz algumas pessoas pensarem que são diferentes, melhores ou piores?

No fundo, eu esperava que todas as pessoas do mundo fossem parecidas com os brasileiros... e comigo.

Ainda bem que não são.


Desejo do dia: fazer exercícios...

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