quinta-feira, setembro 30
Cadê a privada que o chinês inventou?
É inevitável ter algumas sensações de choque cultural em Hong Kong, mas a única que me fez refletir sobre meus conceitos de civilização foi a que tive diante de um banheiro público na praia. Sempre achei que o vaso sanitário era uma invenção (chinesa, aliás) universalmente aplaudida tal qual outras mais recentes como a TV e a geladeira, mas eis que não.
Embora já tivessem me avisado sobre os banheiros chineses, não pude evitar a estranheza do primeiro encontro. A princípio parecia um banheiro público como qualquer outro, com espelhos, algumas pias, portas enfileiradas, decente. Mas quando abri a porta, lá estava, ou melhor, não estava. Só havia uma louça no chão, como se a privada tivesse sido enterrada pelo soco de um gigante. É o que chamam de sistema turco ou bacias turcas, também conhecidas pelos apelidos de “agachadouro” ou o indelicado “cagadouro”. Fui abrindo as outras portas para verificar se eram todas assim. Duas eram “normais”, ainda bem.
Com o tempo fui aprendendo que os banheiros públicos possuem essa opção, mas em restaurantes, shoppings e lugares mais “ocidentais” de Hong Kong usa-se o vaso sanitário. Contudo, um dia fomos visitar um templo longe do centro e lá só havia a opção da agachadinha. Dizem que na China (Mainland) é quase sempre assim.
Confesso que tenho o costume de não sentar em banheiros públicos – os homens podem achar isso meio estranho, mas a mulheres conhecem o malabarismo sobre o qual estou falando – mesmo assim, sinto falta da privada porque agachar totalmente é muito estranho. A gente não fica mais perto do conteúdo evacuado do que quando senta em um vaso, mas a sensação é mais ou menos essa.
De qualquer forma, pelo fato de co-existirem os dois sistemas nos banheiros, não se trata de uma obrigação, mas de uma opção cultural, que eu não entendo. E o que é mais engraçado é que eles também parecem não entender a nossa, visto que é comum encontrar marcas de sapato nos assentos dos vasos (Argh!). Ou seja, eu até posso encarar o buraco, mas alguns não sentam na patente por nada!
Para quem quer saber mais:
- Fotos de banheiros de todo o mundo History of the toilets
- História dos banheiros públicos History of public toilets
- Fotos de banheiros selecionados de Tokyo
sábado, setembro 25
Vamos comer grilos! (Será?)
(Tao Te Ching)
A Tailândia é um dos únicos países por aqui que nunca foram colonizados. Chamava-se Sião até 1939 e tem o budismo e a monarquia como assuntos sagrados.
Estou postando da Internet do Aeroporto Internacional de Hong Kong. Embarcaremos daqui a pouco. Deu um certo trabalho organizar essa viagem de 10 dias, mas aqui estamos. Depois eu farei como fiz com Bali, juntarei todos os sites, mapas, dicas etc e publicarei na minha página sobre Hong Kong e a Ásia.
Não conseguimos vôo direto para Krabi, portanto teremos que dormir em Bangkok (cidade dos anjos). Decidimos ir para a Khaosan Road, é lá que estão os hotéis baratos, bares, cybercaffes e é claro, os jovens viajantes perdidos do mundo, já que é conhecida como a “rua dos mochileiros”. Pelo menos era conhecida assim até o lançamento do filme “A Praia” com Leonardo Di Caprio. A história começa ali. Agora o lugar é cool e o filme é uma grande referência para a Tailândia. Até a bela ilha de Phi Phi Leh é “a Ilha do filme do Leonardo Di Caprio”. E tem também a “Ilha do filme do James Bond”. Pretendemos conhecer as duas, claro. Hollywood é F*.
Será que vamos nos animar também para comer grilos e ver as mulheres arremessando bolinhas de ping pong com as “partes íntimas” ? Depois eu conto.
Mandarei notícias do Mar de Andamam, já que todos os lugares prometem acesso à Internet.
Treinando o idioma: Mii tuuk gwaa nee mai?
Mapinha amigo: Lonely Planet
Desejo do dia: uma grande viagem.
sexta-feira, setembro 24
A melhor definição do amor não vale um beijo*
Norton José Fotografia.
“They say we're young and we don't know
Won't find out until we grow
Well I don't know if baby that's true
'Cause you got me and babe I got you”
(I got you babe, UB40)
Ontem completamos nove anos e três meses juntos. Sem intervalos. Lembrei disso hoje, por acaso, já que não contamos mais os meses. Quando nos conhecemos, tínhamos 18 aninhos.
Dia desses disseram por aí que parecemos High School Sweethearts. Mas nem tudo é sucesso, de vez em quando a gente faz bico, se pega, de leve, durante uns 10 ou 20 minutos, por pura implicância. Afinal, o Bruno trabalha em casa. Um pouco de implicância faz a energia circular. (Brincadeira, mãe)
Mais nova, eu até arriscava umas linhas, mas hoje eu não sei falar sobre nós nem sobre o amor. Talvez eu seja como o sujeito que um dia vê Deus. Quem realmente o encontra não sente necessidade de sair por aí falando sobre isso. É simples e é só.
Ainda não vi Deus, mas agradeço a ele por ter colocado na minha vida tantas pessoas amorosas. Mais do que isso, agradeço por ter me dado a capacidade de reconhecer e saber cuidar do amor que me é oferecido. A capacidade de me sentir feliz, de viver o presente, de me divertir horrores e ainda de encontrar alguém com a mesma capacidade para que eu não me sinta sozinha nunca.
Todos estão sempre me dizendo que o Bruno é muito especial e isso me faz pensar que eu também sou, pois quem o conhece sabe que o danado tem sorte em tudo. Eu devo ser também um pouco dessa sorte.
“And when I'm sad, you're a clown
And when I get scared you're always around”
Desejo deveras piegas do dia: uma lufada de amor para as pessoas em quem eu estou parando para pensar.
* Frase do título: Machado de Assis.
terça-feira, setembro 21
Sobre a China, Parte I (de “N”)
Conheço algumas pessoas que vivem aqui, mas não gostam dos chineses, nem tentam compreender o seu jeito de ser. Na China é comum as pessoas arrotarem, peidarem, cuspirem em público. Também costumam fazer muito barulho ao comer, o que para a nossa cultura é estranho. Mas nós, no Brasil, temos comportamentos que eles também não entendem, como ir à praia "sem roupa" e sair por aí beijando todo mundo no rosto.
Não sei se fui influenciada por escritoras sensacionalistas, mas assim que cheguei tive a oportunidade de ler dois livros interessantes sobre a China, escritos por mulheres chinesas: “Cisnes Selvagens” (Jung Chang) e “As boas Mulheres da China” (Xinran). Ambos retratam um pouco da realidade desse país na época atual e no século passado.
No Brasil, sofremos com a colonização, a escravidão, conflitos internos e a Ditadura Militar. Mas me senti tocada pelo sofrimento que os chineses passaram no último século, tendo sido dominados pelo Japão, exército Kuomintang, Rússia e Comunistas, cada um deles, por sua vez, cometendo abusos, torturas, assassinatos, vingando-se dos que apoiaram o exército anterior, ainda que o tivessem feito para sobreviver. A partir do desejo de vingança, de auto-defesa, de poder e outros que não entendo, os chineses ajudaram a massacrar os próprios chineses.
A família da escritora de “Cisnes Selvagens”, Jung Chang, viu passar pela sua cidade e entrar em sua casa cada um desses exércitos e sofreu atrocidades impensáveis para a classe média brasileira do século passado. E foi isso o que aconteceu com grande parte das famílias chinesas.
Essas pessoas sofreram terrorismo psicológico, miséria profunda, tortura e por fim, alienação, fome, destruição de todas as obras de arte (grande parte veio parar em Hong Kong), todos os livros que fossem anteriores a Mao Tsé-Tung, proibição de música e de outras manifestações culturais, assassinato, tortura e humilhação pública de professores, de estrangeiros e das pessoas que tiveram, alguma vez, comerciantes e empresários na família. Chegou-se a proibir o uso de expressões consideradas “hipocrisia burguesa” como "obrigado", "por favor" e "com licença".
A própria autora aprendeu a amar e a idolatrar o Camarada Mao. Quando criança, se não queria comer, diziam: “Pense nas pobres crianças do mundo capitalista que não têm o que comer”. Ela pode observar como eram construídos falsos relatos de professores e intelectuais sobre o sucesso da revolução chinesa, sobre sua reeducação na vida camponesa.
Eu posso não saber muito, mas alguns rebeldes brasileiros que agitavam (e ainda agitam) livrinhos vermelhos do Comandante Mao talvez soubessem menos ainda. Penso que quem acreditava na propaganda comunista de Mao estava tão alienado quanto os que acreditam nos filmes americanos. Quando conversava sobre a história do livro com alguém com tendências esquerdistas, esta pessoa me falou: “Você acredita em tudo o que lê”. E os que acreditam no que não leram, não viram, só ouviram falar? Não tenho nada contra a Esquerda ou a Direita, mas penso que há "alienação" nos extremos de ambos os lados.
Certamente a China está se desenvolvendo e já é uma das maiores economias do mundo. Mas quantas histórias há de mulheres cujas crianças são arrancadas do ventre ou mortas ao nascer, porque a lei só permite uma criança por família? Pessoas que não possuem irmãos, nem primos, nem tios?
As pessoas deixam o campo para trabalhar e morar nas fábricas, com o objetivo de, depois de anos, voltar para o campo com o dinheiro obtido. Ganham muito mais do que se lá permancessem. Os operários batem continência ao entrar nas fábricas. Na linha de produção, as mulheres trabalham enfilieradas, lado a lado e não é permitido conversar.
A Internet, filmes, TV, games e mensagens de celular são censurados (meus amigos na China não conseguem acessar esse Blog). Não se permite entrar no país com jornais e revistas estrangeiros.
As pessoas que trabalham com as fábricas chinesas admiram a obediência e disciplina dos chineses, mas reclamam da falta de criatividade, de jogo de cintura, de independência para a resolução problemas. O que é compreensível numa sociedade na qual “o que não é permitido, é proibido” e ser pró-ativo pode ser visto como insubordinação.
O livro “As Boas mulheres da China” mostra um pouco da China atual. Algumas mulheres têm acesso ao ensino universitário, aprendem inglês e se tornam independentes e poderosas, outras ainda são vendidas como escravas.
Mas é claro que eu não posso saber o que realmente se passa, apenas generalizar. Não posso dizer que ser chinês é ruim, pois acredito que para eles não deva ser. Não quero falar mal sobre uma cultura que não conheço bem e de coisas que não vivi. Também tivemos e temos nossos problemas no Brasil, nossa tortura, nossa alienação, nossos sofrimentos, nossa má educação, em todos os sentidos. E há também quem não goste de nós e do nosso jeito de trabalhar. Assim é o mundo.
Desejo do dia: terminar de organizar a viagem para a Tailândia. Aliás, coisa de pobre, porque rido só precisa comprar o pacote e fazer as malas...
sábado, setembro 18
Os outros são os outros e só.
A CNN adora uma desgraça! Acabou de passar pela tela o nosso Brasil varonil, ou melhor, manchas de sangue nas calçadas de São Paulo, de algumas pessoas assassinadas.
Vou confessar algo que considero meio monstruoso. Quando ouvi as primeiras notícias sobre mendigos assassinados nem dei atenção. As manchetes eram do tipo:
“ Massacre de mendigos do Centro”
“ Morre mais um mendigo e outro é achado ferido”.
“ Mais dois mendigos mortos”
Ou as variáveis politicamente corretas chamando mendigos de moradores de rua.
Não percebi as notícias como “Pessoas vêm sendo assassinadas a pauladas nas ruas”. O que me chamaria a atenção porque poderiam ser pessoas como eu ou as pessoas que amo. Poderia ser uma manchete preocupante mostrando o início de uma guerra civil ou a atuação de psicopatas. Mas não, trata-se apenas da morte de um grupo específico de pessoas, do qual eu não faço parte porque sou “de boa família”, “inteligente” e “trabalhadora”. Ironias a parte, num primeiro momento, eu realmente não dei atenção a essas notícias. Assim como não reparo nas notícias de mortes e desastres mundo a fora.
Como podemos nos sentir tão indiferentes com relação às pessoas que dividem esse mundo conosco e, ao mesmo tempo, tão preocupados com aqueles que identificamos como “os nossos”?
Costuma-se dizer:
Os favelados,
Os velhos,
Os muçulmanos,
Os comunistas,
Os chineses,
Os outros...
Morar nas ruas pode ser a última alternativa para um ser humano que já teve sua vida e suas esperanças arruinadas em todos os sentidos. Sem direito a nada, nem mesmo a alguma consideração pós-mortem. Existe uma alternativa para todas essas pessoas? Um lugar para ir? Alguém a quem pedir ajuda? Talvez para uma pequena parte, sim. Talvez alguns deles tenham que parar com essa história de não querer trabalhar, de querer dormir no desconforto das ruas frias, grudentas e sujas e voltar para as suas caminhas aconchegantes e perfumadas. (Ps: ironia.)
Explosões, furacões, terrorismo, "tem sido uma semana especialmente sangrenta no Iraque", diz o repórter... Enquanto a vampiresca CNN continua buscando manchas de sangue mundo a fora, eu fico aqui, temendo ter que ver passar na telinha as imagens de mais uma terrível tragédia da humanidade: "Bush reeleito".
Já estou fazendo julgamentos de novo, a respeito de como eu penso que o mundo deveria ser...
E antes que alguém pergunte porque eu estou assistindo à CNN, eu já vou avisando que é o Bruno quem clica nesse canal manipulador "duzinfernu". Acabei de mudar para algo mais instrutivo: Fashion TV.
"Desconfio do respeito de um homem para com seu amigo ou sua bandeira quando não o vejo respeitar o inimigo ou a bandeira deste."
(José Ortega Y Gasset)
Resumo de um fim-de-semana que começa: dia lindo em Hong Kong, amigos esperando para uma festinha de aniversário, uma turista acidental chegando. Vamos levá-la para conhecer a cidade. Lili de cabelos novos, satisfeita.
Desejo do dia: mais discernimento.
quarta-feira, setembro 15
Quem avisa, quer comprar...
Viver é algo fantástico, eu poderia fazer isso para sempre!!!
Por exemplo, eu estou sempre fazendo descobertas incríveis que não interessam a ninguém, mas que eu vou colocar aqui assim mesmo.
Você sabe que ficou adulta quando:
- Olha fotos antigas e percebe que já não tem aquela cara, nem aquele corpo, que eram bonitos e você não sabia.
- Não emagrece mais 1 quilo quando fica um dia sem comer.
- Você já não consegue arrancar todos os cabelos brancos.
- Você começa achar que os bichinhos de pelúcia juntam muita poeira.
- Você fica ridícula de jardineira.
E tem outras coisas que você descobre quando
Mora sozinha:
- O vaso sanitário não se lava sozinho… e como suja!
Começa a trabalhar:
- Devia ter começado antes.
- As pessoas são capazes das piores trapaças.
- Suas roupas não são adequadas para trabalhar.
- Você ri demais, sorri demais, conversa demais, fala demais, enfim... é sempre melhor ficar quieta.
Começa a namorar sério:
- É possível ficar em casa na sexta à noite.
- Assistir a um filme no vídeo é um programão.
- Você começa a fazer programa de casais e não quer mais fazer programas de solteira.
- Suas amigas solteiras parecem tristes.
Mora fora do pais:
- O Real não vale nada! Só compra decentemente produtos fabricados no Brasil.
Fica sem trabalhar:
- Aqueles troquinhos que você gastava com bobeiras eram dinheiro e que R$ 10,00 é dinheiro.
- Você não consegue fazer as próprias unhas.
- O cabeleireiro semanal não era um luxo relaxante, era uma necessidade, seu cabelo está péssimo.
- A programação diurna da TV é horrível.
- Você não vai ler os livros que disse que ia ler se tivesse tempo.
- Nem vai aprender a bordar.
- Nem vai se dedicar a um esporte.
- Você não vai ter saco para passar o dia na academia.
- Vai descobrir que o homem trabalha porque não sabe o que fazer com o tempo livre.
- Você não sabe mais que dia do mês é hoje.
- Você começa a almoçar.
- Você não tem sapatos confortáveis.
Um dúvida terrível me assola e eu preciso de uma opinião sincera e desinteressada: sim ou não?
Desejo do dia: discernimento.
terça-feira, setembro 14
Gosma por gosma...
Cartaz do Mc Donald's: sundae com cobertura de feijão vermelho e sundae com cobertura de feijão verde. Sucesso de vendas na China.
As sobremesas dos restaurantes chineses não são muito doces. Eles misturam bolinhas de sagu, batata-doce, feijão, leite de côco... coisas assim. Ah, gostam muito de pão com leite condensado de sobremesa. Sim, sim, já comi tudo isso, por educação.
Mas existem por aqui restaurantes e lanchonetes de todos os lugares do mundo para quem quiser comer um doce bem doce ou diferente. As sobremesas indianas costumam ser gostosas, mas não muito doces.
Dia desses eu e o Bruno fomos parar num bairro mais afastado, tipo "buraco quente" de Hong Kong e resolvemos, por via das dúvidas, comer no Mc Mané. Eu nunca gostei dessa lanchonete, mas ela está em todos os lugares por aqui...
Eis que nos deparamos com essas iguarias no cardápio: sundae com cobertura de feijão vermelho e sundae com cobertura de feijão verde... qual gosminha você prefere?
Estamos organizando a nossa viagem para a Tailândia no final do mês. Que coisinhas apetitosas haveremos de encontrar por lá???
Desejo do dia: chocolate em pó batido no liquidificador com leite e gelo. Lembrei muito da minha adolescência!!!segunda-feira, setembro 13
Jóias em ostras
Hoje, fui no almoço de aniversário de uma espanhola chamada Ana, num restaurante japonês muito bonito. Quando cheguei estava apenas a Meena, que foi embora de Hong Kong hoje às 6:00 h da tarde. Ela é de família indiana, mas nasceu na Nova Zelândia, vai ficar uns meses por lá com a família e depois se muda para um palácio na Índia. Ela me contou que certa vez, naquele restaurante, o marido da Ana (aniversariante) havia pedido ostras e dentro de uma delas havia um anel de brilhantes.
Mais tarde, as demais meninas chegaram e a Meena pediu ostras. Dentro de uma delas havia um delicado par de brincos. Como todas sabiam da história, foi emocionante.
Conversamos e rimos bastante, em português, espanhol e inglês, tudo misturado, uma confusão! Éramos sete mulheres de cinco nacionalidades diferentes (Brasil, Argentina, EUA, Espanha e Nova Zelândia).
No final, a Ana comentou com os olhos molhados, brilhando, sobre as brincadeiras do destino pois um dia estranhou uma moça que estava caminhando com argolas nos pés (quando estava passeando pela Índia, a Meena colocou uma grande argola em cada tornozelo, disse que estava bêbada no dia – as argolas devem ficar lá durante 12 anos) e hoje essa moça estava ali, como uma grande amiga, lhe dando de presente brincos dentro de numa ostra.
Acho que foi isso que Deus fez comigo este fim-de-semana, me presenteou com jóias onde eu não estava esperando encontrá-las.
Desejo do dia: o dia já está acabando e eu estou muito satisfeita.
sábado, setembro 11
Desejos de grávida
Gabi, esperando Anna Luiza, fotografada pela sua irmã, Anna.
Nunca pensei que eu ia ter o meu dia de **ExxA eh MiNha MigUxiNhA kiLid@** , mas essa foto da Gabi barrigudinha merece uma infâmia.
Mesmo ela tendo feito essa surpresa de engravidar durante a minha estada do outro lado do mundo!!! Teve a vida toda para isso, mas não, esperou eu sair para dar uma volta... espero que a Daisy, a Doka e Cia. não tenham essas idéias.
Brincadeira, a verdade é que eu estou babando...
Isso me faz refletir. Fazer amigos depois de velha é mais difícil. Quando se é criança, beleza, a gente brinca, não tem medo de se conhecer, briga, chama de quatro-olhos, dente-de-lata, peituda. No outro dia já tá brincando de novo sem nem precisar pedir desculpas.
Na adolescência também é gostoso, a gente se identifica, ajuda o outro a crescer. Há um apoio recíproco numa fase “Sessão da Tarde”: dramas, comédias e aventuras (que às vezes dura para sempre).
Na universidade já fica mais complicado, mas dá para encontrar aquelas pessoas especiais que a gente andava procurando... e amigos de bagunça também, muitos. Ah, e os “amigos dos amigos” que viram amigos do peito.
Depois disso, no trabalho, a tarefa vai ficando cada vez mais complicada. As pessoas já estão um pouco endurecidas, não é tão fácil perdoar, as preocupações aumentam e os dias diminuem. Fica mais difícil convidar para uma pipoca, uma brincadeira, uma tarde juntos, sentar na calçada, deitar no muro olhando para o céu, até altas horas da madrugada, sem sentir o tempo passar.
Acho que as melhores amizades eu fiz nas brincadeiras de boneca, nos choros de adolescente, nas festas, mais ainda, na preparação para as festas, nos porres da universidade, nas noites de estudo e principalmente nas conversas paralelas.
Sim, fazem-se amigos depois, mas numa escala bem menor. Quero dizer, estou fando de mim.
Tenho dificuldade em fazer amigos, dificuldades de mantê-los, porque não sei como pedir desculpas, me atrapalho e falo bobagens na hora de jogar conversa fora, porque gosto de ficar sozinha, porque não sou entusiasta da distribuição aleatória de três beijinhos, por que não consigo evitar comentários sarcásticos, por muitos motivos. Se a astrologia estiver certa, eu sou mesmo como aquele carangueijinho, entocado na casca, que não gosta de se abrir e não sente necessidade de contar seus sentimentos para ninguém.
Mas meus amigos são grandes. Sempre dispostos a me dar tudo, a qualquer tempo e em qualquer distância, sem nunca me cobrar nada. Esse rol inclui meus pais amados, meus irmãozinhos, seus companheiros, meu marido e as pessoas da sua família.
E é só por causa deles que eu tenho algum medo do tempo.
E por causa deles, não teria medo de nada.
Hoje as pessoas estão falando muito de traumas e atentados (a CNN está impossível), mas eu preferi comentar sobre a vida, bem piegas, nada sofisticado, afinal: "Cada criança que chega ao mundo nos diz: Deus ainda espera alguma coisa dos homens." (Suspiro) O que Deus espera de mim?
Obs importante: Não maezinha, eu não estou deprimida, estou muito muito feliz eme divertindo horrores!!! São só algumas licenças poéticas!
Afffff... meus comentários sumiram!
Ótima oportunidade para praticar o desapego!
Desejo do dia: meus comentários de volta! Eram pobres, mas eram limpinhos.
sexta-feira, setembro 10
Knowing me, knowing you... ahaaaa
Centro de Hong Kong, Banco da China no fundo, à esquerda. (Fonte da foto).
Esses dias fui dar uma caminhada pelo centro da cidade à noite (não se preocupem, mãe e pai, é super-seguro!), tentando perceber todos os detalhes e divagando.
Andei até os pés do Banco da China, um dos mais belos prédios do mundo, me sentindo uma mosquinha atraída pela luz. Voltei pela rua das lojas caras, Prada, Armani, Tifanny’s e outras cujos nomes já esqueci porque não fazem parte do meu vocabulário. Pensei tanto que acho que esvaziei a cachola. Tudo a minha volta era caro e imponente, mas também um pouco bobo. Prédios que pareciam grandes brinquedos coloridos, cheios de luzinhas, roupas estranhas que eu nunca teria colocado na minha Barbie...
Uma ou outra chinesinha passando com suas blusas sem decote e sapatos baixos. Homens de terno que saíram mais tarde do trabalho. Trabalho, trabalho, trabalho para ficar o dia todo num prédio de Lego e comprar casacos de 5.000 dólares que parecem feitos de papel colorido. É claro que deve fazer muito sentido. Mas é uma vida tão diferente da minha...
Fico pensando na receita cultural que criou tudo isso. Sabe quando você junta duas massas grossas e mistura? Naquele momento em que fica tudo mechido mais ainda dá para ver as duas massas? Hong Kong é um pouco assim. Há ocidente e o oriente, mas não há uma fusão completa. Há muito do mundo ocidental, mas a cultura e as tradições orientais são evidentes. As velhinhas, quase de pijamas, sentam, conversam e comem no meio de calçadas movimentadas, envoltas num sistema de valores e idéias que poucos ocidentais conseguem compreender.
Às vezes penso que em HK há dois mundos paralelos. Um no qual eu posso interajir, e outro no qual não posso. É como um espelho. Posso ver nele o reflexo das coisas a minha volta, mas não posso entrar. Também como num espelho, tenho a impressão de que tudo o que está “do lado de lá” está ao contrário. Não entendo gostos, costumes, piadas, moda, valores, escrita, idioma (nem se fala!). Não falo de tipo físico, mas de comportamento. Vejo-os como seres humanos, iguais a mim, mas é estranho não compreender o que se passa. Acabo chamando-os de “eles”, “os chineses”. Será que esse tipo de sentimento facilita o conceito de escravidão e as guerras? Faz algumas pessoas pensarem que são diferentes, melhores ou piores?
No fundo, eu esperava que todas as pessoas do mundo fossem parecidas com os brasileiros... e comigo.
Ainda bem que não são.
Desejo do dia: fazer exercícios...
quarta-feira, setembro 8
"Sonhaaaaar não custa nada...
Mergulhei nessa magia, era tudo o que eu queria para esse carnaval
Deixe a sua mente vagar, não custa nada sonhar
Viajar nos braços do infinito, onde tudo é mais bonito, nesse mundo de ilusão..."
(Eu sei que ficou ridículo, mas eu sempre tenho vontade de cantar músicas ridículas, jingles etc. Além do mais, é meu samba-enredo preferido e o único que sei de cor.)
Frequentemente tenho sonhos que me parecem reais. Sonho histórias completas, novos lugares, prédios, pessoas, diálogos, histórias. Lembro de detalhes de muitos deles até hoje, acumulados como memórias de viagens. Por isso posso dizer que há lugares que (só) conheço em sonho.
Também sonho com coisas que acontecem depois. O que deve ser explicado por alguma lei de coincidências, dado que na maior parte das vezes eu sonho coisas que não acontecem depois. Enfim, hoje de manhã falei para o Bruno:
- Sonhei com um terremoto.
- O da Argentina? – ele perguntou.
- Teve um terremoto na Argentina?
Às vezes eu controlo os sonhos, mudando algumas partes e às vezes eu tenho certeza de que não é sonho. Um dia desses cheguei a sonhar que eu enfiava o pé na grama fazendo questão de sentir a terra húmida, estendia a mão na chuva e ficava olhando os pingos caírem e enquanto os sentia molhando meus dedos, repetia empolgada: - Tá molhando, não é um sonho...
Hoje sonhei ainda que era uma atriz ou participava de uma filmagem (sonho que vem se repetindo), que meu cabelo estava comprido de novo e sonhei com a Nívea Stelmann, vestida de muçulmana como na novela “O Clone”, numa casa oriental. Eu aproveitava para tirar fotos das portas enfeitadas com delicados mosaicos de madrepérolas.
“Para Freud todo o sonho poderia ser interpretado como a realização imaginária de um desejo, desejo este que seria o motivo do sonho...” (Jung, “Freud e a Psicanálise”)
Será que todo dia à noite enfrentamos nossos desejos ocultos? E ainda colocamos bastante criatividade neles? Dia ápós dia? Que tipo de brincadeira é essa? Ser humano é muito esquisito!
E já que estamos na China, li por aí: os provérbios chineses são compostos de quatro ideogramas, tratando-se do máximo de informação em um mínimo de espaço. Por exemplo:
Chi Ren Shuo Meng (Idiota Pessoa Falar Sonho) - Usado quando alguém diz algo absurdo.
Desejo do dia: o doce de leite que o Bruno fez deixando a lata de leite condensado ferver durante duas horas... muito bom.
terça-feira, setembro 7
Brasil, meu Brasil brasileiro...
Fui destilando nervosismo daqui até lá e repetindo mantras de auto-ajuda para tímidos: “eu sou uma pessoa legal”, “eu sou uma pessoa comunicativa”...
Cheguei em cima da hora para evitar o "grooming talk", mas já havia uma japonesa na sala. Respirei fundo, sorri e me apresentei. Ficamos “conversando”. Ela se chama Mioko (30), é pequena, delicada e simpática. Chegou a segunda aluna, uma coreana mais para bonita chamada Jinny (32).
Pois eis que a Jinny diz para a Mioko que sabe falar japonês. “Ótemo”, elas começaram a conversar em japonês animadamente, durante uns cinco minutos e eu ali no meio, olhando para ontem, entendendo só o nome dos países e o "gestonês".
O professor escocês chega, se apresenta, diz que também fala japonês e conversa um pouco nesse idioma com elas. Céus!
Então ele pergunta para mim: - E você, fala japonês?
- Só algumas palavras que aprendi nas aulas de judô - respondi, sem jeito. Aí balbuciei algo que nunca entendi muito bem, mas que sempre achei que queria dizer “com licença”. Na verdade, eu tinha pensado em falar kimono, tatame, dojô... A Mioko comentou que o Brasil tem bons judocas e o professor falou do Jiu-jitsu. A Jinny estava com cara de quem ainda tentava lembrar onde fica o Brasil.
A aula foi legal, muitas apresentações sobre nós e nossas cidades e todos os clichês possíveis. Falamos sobre favela no Brasil, sobre o hábito de comer cães na Coréia e sobre a pacata cidade japonesa da Mioko. Eu acho que as assustei bastante falando de assaltos, sequestros, metralhadoras, balas perdidas, tráfico de drogas, corrupção e fome no Nordeste. Mas falei mil maravilhas de Floripa, claro.
Conversamos sobre segurança e elas disseram que não existe assalto nas suas cidades. A Jinny disse que se assustou quando contaram que as pessoas usam armas em Hong Kong e a Mioko perguntou para o professor a diferença entre marijuana e cocaína. Nunca tive interesse em usar drogas, mas dado o meu nível de conhecimento sobre criminalidade, me senti a própria guerrilheira sul-americana. (Putz, agora que eu me toquei, estava usando uma calça-cargo verde-oliva!)
Ainda tive que responder à pergunta de 1.000.000 de dólares: se todos sabem onde estão os bandidos, por que ninguém faz nada? Depois dessa até esqueci de comentar com eles que hoje é o Dia da Independência no Brasil.
Curti a aula, mas agora fiquei com vontade de aprender japonês.
Desejo do dia: já foi realizado.
segunda-feira, setembro 6
Medaralho
O nivelamento me colocou numa aula só de conversação com no máximo 8 pessoas. Vou ter que falar alguma coisa... Não vou poder sentar no fundo para me ambientar, nem participar de conversas paralelas porque, ao que parece, meus colegas são japoneses e coreanos.
Tô, atrasada! Como se diz, "desculpe-me pelo atraso" em inglês mesmo? Ahhhhh
Desejo do dia: que dê tudo certo na aula.
Praia bonita e churrasco? HK tem, sim senhor.
Churrasco em HK: Da esquerda para a direita Ana (Espanha), Chico (Brasil), Peter (marido da Ana, EUA), Cecília (Canadá), Meena (Nova Zelândia), Angelo (HK), Benito (Suriname) e Laura (esposa do Benito, Argentina). Música, carnes e churrasqueiro brasileiros.
Relatório do findi. Na sexta à noite: níver da Laura. No sábado: Tai Long Wan. No domingo: churrasco no Mauro.
Impressionante o que a gente não faz por uma boa praia! Eis o nosso roteiro para ir e voltar: CASA – ônibus – metrô – ônibus – taxi – caminhada de pouco mais de uma hora - PRAIA - barco - taxi - ônibus - metrô - ônibus - CASA!
E a praia nem estava tão bonita no sábado. Uma correnteza trouxe água do Rio das Pérolas. Eu até achei na beira na praia uma bolinha de golfe "Propriedade do Golf Club de Macau". Ou veio na corrente ou alguém deu uma belíssima tacada...
Para quem ficou curioso fotos da pria de Tai Long Wan.Tai Long Wan.
Desejo do dia: caminhar, de leve.
domingo, setembro 5
Quando se está com fome (ou sede), não se é filósofo
“Uma vez um homem estava viajando e, acidentalmente, entrou no paraíso. E no conceito indiano de paraíso existem árvores-dos-desejos. Você simplesmente senta debaixo delas, deseja qualquer coisa e imediatamente seu desejo é realizado.
Não há intervalo entre o desejo e sua realização.
O homem estava cansado, e pegou no sono sob a árvore-dos-desejos. Quando despertou, estava com muita fome, então disse:
_ Estou com tanta fome, desejaria poder conseguir alguma comida.
E imediatamente apareceu comida vinda do nada simplesmente uma deliciosa comida flutuando no ar. Ele estava tão faminto que não prestou atenção de onde a comida viera - quando se está com fome, não se é filósofo.
Começou a comer imediatamente, a comida era tão deliciosa... Depois, a fome tendo desaparecido, olhou à sua volta. Agora estava satisfeito.
Outro pensamento surgiu em sua mente:
_ Se ao menos pudesse conseguir algo para beber... E imediatamente apareceu um excelente vinho.
Bebendo o vinho relaxadamente na brisa fresca do paraíso, sob a sombra da árvore, começou a pensar:
_ O que está acontecendo? O que está havendo? Estou sonhando ou existem espíritos ao redor que estão fazendo truques comigo?
E espíritos apareceram. E eram ferozes, horríveis, nauseantes.
Ele começou a tremer e um pensamento surgiu em sua mente:
_ Agora vou ser assassinado, com certeza...!!
E ele foi assassinado.
(Como sempre, existe uma moral da história sinistra, que eu resolvi não suprimir.) Sua mente é a árvore-dos-desejos - o que você pensa, mais cedo ou mais tarde, realiza-se. Às vezes o intervalo é tão grande que você se esquece completamente que, de alguma maneira, “desejou" aquilo. Então não faz a ligação com a fonte. Mas se olhar profundamente, perceberá que todos os seus pensamentos, com medos/receios, estão criando você e sua vida.”
No mesmo sentido, uma piadinha:
Um beberrão estava num cruzeiro pelo mundo quando o barco afundou.
Depois de nadar muito (e estar com muita sede) chegou a uma ilha deserta. Logo encontrou uma garrafa. Abriu ávido, mas, ao invés de bebida, encontrou um Gênio, que disse:
_ Tens direito a três desejos, meu amo!
_ Quero uma garrafa do melhor uísque, que nunca esvazie!!! _ disse o cara, sem pestanejar.
PLUFF - apareceu a garrafa.
Só que o cara não acreditava em gênios e começou a beber para ver se era verdade. Só que, por mais que bebesse, a garrafa continuava cheia.
_ Não acredito! É verdade mesmo! _ e bebia mais, e a garrafa continuava cheia.
Depois de muito provar, disse:
_ Não é gui é verdade?! Funziona messmo!
O gênio, já cansado de esperar, reclama:
_ Faça logo teus outros dois desejos para que eu possa ser livre!!!
_ Então me vê mais duas dessas, que é da boa!
Então, você quer o que deseja?
sexta-feira, setembro 3
Comments, nem "comentis"...
Primeiramente eu escolhi não permitir comentários nos posts, mas o Bruno ficou me convencendo a colocar. Ok. Vou fazer uma experiência a partir de agora...
quinta-feira, setembro 2
Judia “ni mim”, versão pinguim
Ontem à noite tive que rir com o Bruno, pois ele disse que na verdade não zuniou o bichinho a 323,5 m, mas a 322,9 m. Então ele ficou tentando... Depois começou outro objetivo: conseguir marcas redondas, 100, 200, 300... Ficou nessa uns cinco minutos. O que para esse jogo complexo é uma eternidade.
Enquanto isso, entrei na rede procurando algum site de ajuda para viciados. Foi quando deparei com outras versões da judiaria:
- Essa só muda o design: aqui.
- Pinguim ao alto: aqui.
- Pinguim ao alvo: aqui.
Por isso, se esse servidor permitisse fazer uma enquete, eu perguntaria:
Vocês acham que o arremesso pingolino deveria passar a ser um esporte olímpico?
a) Sim, é mais divertido que badminton
b) Não, pois é anti-ecológico
c) Depende, desde que pudessem usar outro animal, pois não existem pinguins no Brasil.
O nosso País, que vem ganhando muitas medalhas em esportes “de elite”, poderia classificar uma delegação de funcionários públicos nessa modalidade. (brincadeirinha)
Por outro lado, a Argentina teria muitas chances, já que é cheia de pinguins...
Vocês podem pensar que tudo isso é uma grande perda de tempo, mas fazendo um paralelo com o texto abaixo (substituindo "arco e flecha" por "arremesso de pinguim" e "arqueiro" por "Yet"), podemos concluir que trata-se, na verdade, de um fabuloso exercício de relaxamento e meditação:
“Atirar com arco e flecha... Não se trata aqui de um esporte, nem de um exercício militar, nem também de um prazer estético. Não serve para nenhuma realidade concreta. Serve para quê? Para disciplinar o espírito, para alcançar uma consciência clara e brilhante. Serve para a pessoa se analisar, para tranqüilizar o prórpio corpo, as próprias emoções, para acalmar o espírito, para estar atento a tudo quanto faz, diz ou pensa. Arqueiro ou arqueira tem que se entregar totalmente ao que faz, esquecer-se de si, aprender. Conservar-se distante de qualquer premeditação _ até que o tiro saia. Concentração total, extrema tensão, calma interior, presença de espírito.
Quem foi o primeiro a entender a arte de esquecer o próprio eu? Não foi nenhum psicólogo de nossos tempos, mas sim o Buda, 2.500 anos atrás. Ele ensinou a arte de viver com atenção, cujo símbolo veio a ser o tiro com arco e flecha.” (p.149 daquele livro)
Concentração total, extrema tensão, calma interior, presença de espírito... póim...lá vai o pinguim...
Ok, prometo fazer alguma coisa útil hoje.
Ah, o Bruno mandou avisar que chegou a 323,4!
Desejo do dia: Xô “priguiça”!Praticando o desapego
(E. B. White.)
Estou lendo um livro sobre religiões. Chama-se “As religiões do Mundo – em busca de pontos comuns”, de Hans Kung.
O que posso dizer é que o Budismo, que tem me intrigado em HK, assim como o Cristianismo, o Islamismo, o Judaísmo etc. é... muito interessante. É claro que eu não concordo com tudo o que leio, mas respeito. Penso que todas as crenças devem ser respeitadas (observados os direitos humanos na sua manifestão). Não gosto quando uma pessoa comenta da religião da outra: “quanta bobagem!”.
Cada religião crença, revela um aspecto de observação e de vivência de uma cultura ou povo, não pode ser julgada no nível da verdade ou mentira, faz parte da experiência humana.
Quando me deparo com um ensimento, não o condeno ou aceito pela religião que o reivindica, só reflito em relação à minha vida: serve ou não serve? Se servir, tento aplicar. Com relação ao budismo, me identifico com algumas idéias. São praticamente aquelas que poderiam ser aplicadas em outras religiões. Não me identifico com outras, estranhamente em sua maioria semelhantes às que, pensando bem, não foram propostas por seus fundadores, mas deturpadas ao longo do processo de consolidação de sua organização.
Com o que eu concordo ou não? Não revelo! Religião não se discute! (Muito)
Trechos do livro:
“O próprio Buda, na verdade, não dava grande valor a templos, rituais e cerimônias, nem tampouco a deuses e demônios.” (152)
“Mesmo na iluminação, experimentou que, quando o homem alcança a visão de tudo, ele pode reconhecer que nada do que ele vê é estável, que nada no mundo é permanente, que tudo muda, ou mesmo que até o seu próprio eu, a que ele tanto se apega, não possui no fundo nenhuma substância permanente, mas é também perecível.
O sofrimento portanto, de que o homem precisa ser curado, é causado precisamente por esse apego ao seu próprio eu. Através da terapia de Buda, o homem precisa aprender a libertar-se de seu próprio eu. Precisa encontrar o caminho para deixar de ver tudo em função do seu próprio eu, tudo envolvido consigo mesmo, encontrar o caminho para a renúncia de sí, que então o tornará livre para uma compaixão universal. Isso é algo que na verdade não deveria ser estranho ao cristão.” (153)
Informações interessante sobre o budismo: Aqui.
Conclusão: tenho bastante desapego com relação a coisas, pouco relação às pessoas, muito pouco com relação a idéias e muito apego com relação a mim mesma.
Obs: Fui presa no Orkut! Mas quem não sabe o que é isso não vai entender nada... (Calma mãe, é só um site de relacionamentos!) Já mandei um e-mail pedindo para me soltarem, vamos ver quanto tempo demora.
Desejo do dia: colocar a minha correspondência em dia.