sexta-feira, setembro 16

Divulgando...

"CARTA REPÚDIO À REVISTA PLAYBOY

Em edição de Maio de 2005, a revista Playboy publicou uma matéria intitulada “Trocando Armas por socos”. Esta matéria, escrita por Adriana Negreiros, já surpreende apenas por sua chamada: “A incrível história do inglês que ensina boxe para garotos pobres e violentos do Complexo da Maré, uma perigosa favela carioca, onde quem dá as ordens é o tráfico de drogas”. Contudo, o absurdo não pára por aí. A repórter segue com sua etnografia da “perigosa favela carioca”, construindo uma paisagem absolutamente assustadora. Adjetivos como “uma das favelas mais violentas do Rio de Janeiro”, “Comunidade de negros, pobres e descalços, onde qualquer visita soa como uma ameaça”, e de “jovens em constante estado de alerta para a briga”, entre outros, compõem o quadro do espaço descrito.

É profundamente lamentável que, ainda hoje, tenhamos profissionais da área de comunicação com uma visão tão limitada e preconceituosa dos espaços populares. Não é necessário lembrar que notícias veiculadas nos meios de comunicação produzem, reproduzem e fortalecem rótulos e identidades. Com matérias sensacionalistas como essa, a revista contribui para a estigmatização e produção de uma imagem onde o espaço favelado é visto como um gueto perigoso e criminoso e em nada colabora na construção de uma cidade mais justa.

Assim, através desta carta, vimos expressar o nosso repúdio e indignação à atitude tomada por esta revista, que ao publicar a referida matéria, alicerçada em estereótipos e preconceitos, homogeneíza e desqualifica a comunidade Nova Holanda, e torna invisíveis as práticas culturais e sociais de seus moradores, assim como sua riqueza histórica de luta e resistência.

Esperamos, desta forma, que ao admitir o papel político da matéria, Esta revista possa mudar sua postura e deixar de reforçar no imaginário popular imagens distorcidas ou parciais das localidades que aborda em suas reportagens, e que passe a não olhar para esses espaços como locais onde predominam infrações e delitos, vistos como atitudes inerentes às camadas mais pobres da população.

Não deixaremos mais episódios como esse passarem despercebidos. Esperamos, ainda, que a revista se retrate perante a sociedade pela descabida publicação e deixamos claro, aqui, que nós moradores do Complexo da Maré somos conviventes e não coniventes com o tráfico de drogas.

REDE MARÉ JOVEM"

Pedido de Retratação

Desejo do dia: entusiasmo