sábado, outubro 30

Sobre a China, parte II (de N)


"Não cuspa (no chão)", cartaz no corredor de um prédio, na periferia de Hong Kong.

Comentário do Fernando do último post: “Liliana, é verdade que os chineses de Hong Kong são bem diferentes do resto do país? Na universidade americana onde estudo, os chineses têm uma fama terrível de serem pouco higiênicos, falarem muito alto e terem pouca educação. Eu achei que fosse racismo americano, mas tenho que admitir que estou vendo muitos exemplos disso.”

Sim, os chineses de Hong Kong são diferentes. Ao contrário da China mailand, que tem milhares de anos de história, Hong Kong é um território colonizado recentemente. Fazia parte da China sim, da província do Cantão, mas não era muito habitado. Em 1842, foi cedido aos ingleses e devolvido em 1997. Durante este período, enquanto Hong Kong se desenvolvia capitalista, a China sofreu com grandes conflitos e transformações, tornando-se, por fim, um país comunista.

Só lendo livros como "Cisnes Selvagens" para entender um pouco do que se passou por lá. A China, como outros países, viveu regimes que promoveram a desigualdade social, com grande parte da população vivendo na pobreza e uma minoria em grande luxo. Até por isso a revolução camponesa teve tanto apoio.

Quando os comunistas tomaram o poder, professores, intelectuais, empresários, pessoas que significavam um estilo de vida burguês, foram castigados, deportados, mandados para o campo, para “aprender” com os camponeses. Muitos destes últimos tinham desprezo pela classe dominante e fizeram os novos colegas passar por maus bocados. No período da revolução cultural (1966), iniciou-se um movimento contra toda a literatura anterior a Mao, que foi queimada, assim como as obras de arte, templos e tudo o que fosse associado à vida burguesa. Muitas dessas obras vieram parar em Hong Kong. Por isso, uma das atrações da cidade são as lojas de antiguidades, vindas da China.

Nesse movimento, também foram condenados comportamentos burgueses como dizer “por favor” e “obrigado” ( considerados hipocresia burguesa), usar enfeites e até alguns hábitos de higiene. Pessoas eram denunciadas e punidas por manisfestarem qualquer contrariedade a isso. O Partido controlava seus pensamentos por meio das sessões de “autocrítica” organizadas por líderes de cada rua. Pais deviam denunciar filhos e vice-versa.

Em meio a isso, a China ainda passou por um grande período de fome, no qual boa parte da população morreu.

Por tudo isso e por muitos outros fatores, é possível compreender que muitos chineses comam de tudo, arrotem, peidem, façam barulho ao comer e tenham os dentes cariados, não?

O pessoal que trabalha com eles por aqui também costuma ficar indignado com a falta de iniciativa e de opinião. É preciso lembrar que até pouco tempo atrás poderiam morrer por terem iniciativa (afinal o que não é permitido é pribido) e opinião.

Em Hong Kong é um pouco diferente. Há um meio-termo entre o comportamento e a cultura inglesa e a chinesa, mas também difícil de entender completamente.

Bom, nós brasileiros também não somos perfeitos não é mesmo? Afinal, somos todos seres humanos, tentando sobreviver da maneira que nos ensinaram.

Desejo do dia: "passa" tosse chata.

quinta-feira, outubro 28

"Lost in Translation"

Beijing, avenida em frente à Praça da Paz Celestial

"Lost in Translation" é um filme que penso que só quem já visitou o Oriente pode entender bem. Assistimos o outro dia e rimos muito. Nosso passeio em Beijing (Pequim) foi parecido, pois lá não se fala muito o inglês.

Beijing é uma cidade ampla e aparentemente organizada, de grandes avenidas, para 2 milhões de carros e 8 milhões de bicicletas. É a capital de um país comunista, onde os monumentos são imensos e a história se conta em milênios. Onde as pessoas podem ser gentís e amistosas ou ignorar você completamente. Para entendê-la é preciso ter um olhar diferente, decifrando os costumes e comportamentos como se estivessem escritos em mandarim. Talvez ter um olhar menos capitalista, individualista, apressado e idealista. Saber olhar com os olhos de uma outra cultura e de uma outra história.

A Cidade Proibida é coração de Beijing, imensa e totalmente voltada para a figura do imperador. Memória de uma época em que todos viviam para ele. Depois, o comunismo fez com que todos passassem a viver para o povo - talvez nunca para si mesmos. A cidade é, assim, um monumento do que ficou no passado.
Em frente à Cidade Proibida está a Praça da Paz Celestial, rodeada por edificações mais recentes do governo, igualmente grandes e imponentes. Nela, as pessoas idolatraram Mao, manifestaram-se contra ele, festejaram e morreram. Ao redor, os quarteirões são murados e encerram vilas antigas e humildes. Ambientes muito diferentes, no centro da China moderna.

Beijing não tem muitos prédios altíssimos, coloridos e modernosos como Hong Kong, mas Shanghai (Xangai) está sendo construída assim, para ser uma nova Hong Kong. Beijing é como Floripa, uma cidade administrativa e turística. Sua amplidão lembra Brasília.

Olhando pelos becos e através das aparências, por toda a cidade, em meio às largas avenidas, hotéis e centros comerciais, pode-se notar algo como uma pobreza cinzenta. A economia da China está crescendo de forma acelerada. Algumas pessoas vêm enriquecendo muito, mas a grande maioria parece permanecer na mesma pobreza igualitária. Por outro lado, não se vê muita miséria, que dizem existir mais no interior. A vida parece boa e a cidade demonstra um grande respeito pelas pessoas mais velhas, que acordam cedo para se exercitar nos parques.

Em Beijing, os chineses parecem ter uma alegria comedida, vestindo-se com sobriedade em cores fortes, cinza e preto. Os homens usam ternos para passear no fim-de-semana, ternos escuros, que acabam amarrotados.

Beijing me deixou sem palavras, sem entender nada. Tenho aprendido e visto tantos detalhes, que não sei como descrevê-los. Admito que não sei o que se passa por detrás daqueles muros, padrões e olhos escuros. Acho que precisaria de muito tempo para entender.


Fotos da Viagem.

Mais sobre a China.

Desejo do dia: Parabéns para o sogrão-zen!

quinta-feira, outubro 21

Da série, cartazes de Hong Kong

Lembram do Sundae de feijão?

Pois essa semana o que encontramos não foi uma comida diferente, mas uma comida comum apresentada de maneira curiosa.

Aqui há uma cadeia de lanchonetes chamada Deli France que serve conjuntinhos bem gostosos de sanduíche + sopa + chá ou café. Pois então, inverno chegando em Hong Kong e agora eles estão implementando aquela tradicional "sopinha dentro do pão redondo". Mas o pratinho vem com instruções porque afinal, trata-se de um povo muito organizado.

Confiram as instruções no cartaz abaixo e aprendam um pouco. As três figuras acima ensinam como comer o paozinho. As abaixo, indicam o que você não deve fazer.



Não fazer:
- Servir a sopa nos potinhos.
- Virar a sopa na boca.
- Abrir todo o paozinho e derramar a sopa.
- Colocar diretamente no fogo para esquentar.
- Enfiar tudo de uma vez na boca.
- Tomar a sopa de canudinho.

Outro cartaz que mostra o que é viver numa sociedade organizada é este, que Policiais simpáticos vieram nos entregar um dia desses, quando estávamos confraternizando no “Buteco” .




“A tranqüilidade faz uma sociedade harmoniosa.
Fale baixo à noite, por favor.”


Por isso, quando a gente faz alguma coisa errada por aqui, como atravessar quando o sinal está aberto para os carros, a gente grita: Argentina, Argentina!!!

Desejo do dia: Uma boa viagem. Estamos indo passar o fim-de-semana em Beijing. Vou verificar se realmente esse blog é censurado por lá. Se for, até a semana que vem.

quarta-feira, outubro 20

Sabemos. Fazer o quê?

"É um erro confundir o desejar com o querer. O desejo mede obstáculos, a vontade vence-os." Alexandre Herculano

Ano que vem voltamos para o Brasil, aquele país da América Latina, dominado pela corrupção e pelo tráfico de drogas, com generais bigodudos enfeitados de medalhas e políticos de terno branco. “Qual deles?”, perguntaria algum distraído. “Aquele do Ronaldo” eu completaria. “Ah, já sei.” seria a reposta, ao som daquela rumba que os filmes americanos colocam quando mostram o Brasil.

Reclamamos dessa imagem de país pobre e dominado por alguma guerrilha, mas não fazemos por merecer outra. Mesmo numa cidade não muito grande como Florianópolis, o tráfico domina os morros, a polícia sabe quem são os bandidos e sabemos que a polícia sabe. Sabemos que todo mundo sabe quem são as famílias ricas que comandam o tráfico e sabemos quem são os políticos dessas famílias e continuamos votando. E sabemos que a imprensa também sabe. O que não sabemos é o que fazer. Ou até sabemos, mas não ligamos tanto assim.

Sabemos que nos bairros vizinhos as famílias passam fome e todo tipo de necessidade, que morrem por falta de atendimento nos hospitais, mas fingimos que o problema é só deles.


Sabemos que as crianças, além de comida, precisam de roupas, de estudos, de lazer, de saúde, mas que não têm nada disso. Sabemos que os pais procuram emprego sim, mas não encontram, que muitos nem foram capacitados, como seus filhos também não vão ser.
Sabemos que a calamidade leva à depressão e ao álcool e violenta as famílias. Sabemos que as brigas se resolvem na faca e na bala.
Sabemos que essas pessoas são a clientela do sistema prisional, que sabemos que não funciona, mas fingimos que acreditamos. Pensamos que são “eles”, porque a mídia nos faz acreditar que estamos de fora, mas no fundo, sabemos que sofremos também.

E com tudo isso, sabemos que as ruas não estão seguras e que podemos sofrer com as consequências dessa situação. Só não sabemos quando.

Ainda assim, ficarei feliz de voltar para casa.

Uma vez perguntaram para o meu pai por que ele, como coordenador do Movimento Bandeirante, gastava seus finais de semana cuidando das "crianças dos outros" e ele respondeu: “_ Porque estou cuidando do mundo no qual os meus filhos vão viver!” (Te amo, pai).

Digo isso porque estou cada dia mais chocada com as notícias que recebo da Guerra do Tráfico no Rio de Janeiro. E no País.

Desejo do dia: luz.

segunda-feira, outubro 18

Sobre as Festas de Hong Kong: Carnaval


“O Tio Chan está querendo conhecer a nossa batucada...”

Comentário de uma alemã sobre o Rio Street Carnival, 2004, em Hong Kong:
“_ Até na Alemanha a gente sabe que o Carnaval é em fevereiro!”

Como bons brasileiros acostumados com "carnaval fora de época", nem ligamos, esquentamos nossos pandeiros, reunimos alguns apetrechos e fomos para a “avenida”.

O pessoal aqui é tão desacostumado com esse tipo de alegria que parava para tirar foto com os brasileiros de máscara. Deviam achar que faziam parte das atrações da festa, já que ninguém por aqui faria isso “de graça”.

Outras fotos da festa, aqui.

Brasileiras: Verena, eu (de peruca) e Cibele.

Isso é o máximo de festa de rua com fantasias que se vê por aqui. O Ano Novo Chinês tem um grande desfile e show de fogos, mas não tem carnaval de rua. O público não se envolve.

Isso me lembra que as imagens do Carnaval no Brasil deste ano passaram por aqui e todos estavam maravilhados.


E eu sempre admirada: como podem existir culturas tão diferentes?

Desejo extremamente fútil do dia: gostei do estilo da peruca, mas não vou alisar e pintar o meu cabelo (até porque o Bruno gosta dele cacheado também). No entanto, queria achar algum tipo de franja que combinasse comigo. Dúvida existencial!

sexta-feira, outubro 15

Sobre as Festas de Hong Kong: Girls Night


“Querido diário,

O dia em Hong Kong amanheceu luminoso, fresquinho, quase uma Floripa.
Tenho que me recuperar da Girls Night* de ontem, dos shots de tequila assassinos e similares, das dores no joelho de tanto dançar de salto, da rouquidão provocada pelas tentativas de
comunicação no ambiente barulhento e empestado de fumaça das boates de Wan Chai. Acabei de comer no Mc Donald's (Argh!) e comprar um chocolate de sobremesa, porque desgraça pouca é bobagem.”

* Girls Night: diz a lenda que, como os maridos de HK estavam sempre viajando a trabalho, as jovens esposas resolveram começar a fazer encontros noturnos femininos, durante a semana. Tudo começou com lúdicos joguinhos de "Imagem e Ação" e acabou passando para a ação, ou melhor, baladas com direito a produção, salto alto e bebidas de graça. Como diz o meu querido amigo Mário San “Isso não vai prestar!”.

Ontem, particularmente não prestou ou melhor, prestou demais, apesar de um ou outro show de horror, foi ótimo. Desde de o dia em que a Drica jogou um copo de cerveja na cara do DJ Asshole do Joe Bananas - porque ele não queria tocar músicas brasileiras - que a gente não tinha tantas histórias. Sim, tiramos fotos, mas elas estão passando pela aprovação dos órgãos de censura.


Continuando: hoje tem Carnaval em Lan Kwai Fong, com cabrocha brasileira e tudo.


E por falar em balada, outro dia o primo Frederico me mandou um e-mail com 19 cantadas para mulheres feias. Algumas:
"- Vc tem fogo? Sim! Então cospe, dragão!
- Uma mulher feia passa por você e quando ela estiver de costas, grite bem alto: "volta, volta, volta..." Quando ela olhar pra trás toda feliz complete a frase: "Volta pro inferno, demônio!."
- Quando três meninas estiverem andando na rua vc diz: "olha as três graças: a Sem Graça, a Desgraça e a Nem de Graça."
E por aí vai...

Desejo do dia: água.

quarta-feira, outubro 13

Todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que passou...

... mas tenho muito tempo, temos todo o tempo do mundo. (Tempo Perdido, Legião Urbana)

“Manú, a menina que sabia ouvir” de Michael Ende (mesmo autor de História Sem Fim) é um dos livros que tornaram a minha infância mais intrigante. Era “grosso”, “complexo” e eu o amava. Nele, obscuros homens de cinza convenciam as pessoas a economizar o tempo e lhes roubavam cada segundo economizado, transformando esse tempo em charutos que fumavam para continuar existindo.

À medida que as pessoas iam economizando as horas, os dias ficavam mais curtos, até que a cidade acabou paralizada.

É preciso a atenção de Manú para perceber o que há de estranho com esta cidade onde moro, que encanta pela modernidade e diversidade. Onde as pessoas passam como sombras e as almas coloridas se destacam. Desconfio já ter visto ao acaso, sorrateiros, homens de cinza com seus chapéus-côco e pastas de executivo. Muitos habitantes devem ter caído em seus golpes, pois em rostos orientais e estrangeiros adormecem olhares fantasmagóricos, vazios de tempo, de quem esquece de si mesmo.

Será contagioso? Algo como a SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave)? Será por isso que algumas pessoas pararam de respirar e morreram? Principalmente os idosos, que sabiam que aqui costumava haver um mar, montanhas e outras paisagens. Agora? Novas fisionomias, novos prédios, novos fantasmas, novos apartamentos assombrados. Só se salvaram os que não negociaram o seu tempo, que continuam a ver as antigas paisagens e passam como se não estivéssemos aqui. Para esses, nós somos as assombrações.

OBS: O que eu gosto de Hong Kong é que ela torna evidente as almas coloridas. E são tantas! Num olhar atento você pode ver passar pessoas que estão vivendo intensamente suas emoções. Com um pouco de sorte você pode conhecer algumas delas e eu já conheci várias.

terça-feira, outubro 12

Sobre os prédios de Hong Kong

Do que você lembra quando pensa em uma mulher perua?

Espelhos, salto alto, rosa, lilás, neon, design, exagero?

Assim são muitos prédios de Hong Kong em dias de festa, poderosos, escandalosos, enlouquecidos.
Trocam de cor como as mulheres trocam de roupa.

Saudades de Floripa, que só troca de vento.


Desejo do dia: dried mango!!!
E Parabéns para a Simone, esposa do meu pai e mulher de primeira qualidade. Tá cuidando bem do gatão! Sejam muito felizes!!!

domingo, outubro 10

Coisas que a gente deixa para contar quando volta

Pouco antes de viajar, enquanto fazia minhas pesquisas sobre nosso destino deparei-me com essa singela notícia sobre Hambali, um terrorista preso na Tailândia há um mês atrás, fingindo que vendia espetinhos de carne (trecho) :

"Durante os interrogatórios, Hambali confessou que preparava atentados com bomba em Khao San Road (um bairro turístico de Bangcoc) e contra as embaixadas dos Estados Unidos, Israel e Japão, disse a fonte, acrescentando que ele também pretendia atacar aviões comerciais com míssil no aeroporto internacional da capital tailandesa." (Fonte)

Esse rapaz, o Hambali, tem um currículo e tanto! Entre outras bandidagens é acusado de planejar o atentado de Bali (2002) e o do Hotel Marriot, em Jacarta (agosto, 2004).


A Khaosan Road, como o nome já diz, não é um bairro, mas uma rua, na qual estávamos indo passar uma noite, antes de voar para Krabi. Assim como a rua do atentado em Bali, possui muitas pousadas e bares e uma grande concentração de jovens extrangeiros. (Abrindo, um parênteses, outra coisa que me chamou a atenção nas pesquisas foi um link no site oficial da rua sobre pessoas que foram à Tailândia e desapareceram. Sinistro!)

“O responsável, que participou da prisão do indonésio e pediu anonimato, disse que esses atentados não tinham data marcada e seriam realizados somente quando todos os preparativos estivessem finalizados.”

Imaginei que não havia dado tempo para preparar nada, mas confesso que fiquei um pouco cabreira. Eu, que já não sou muito fã da emoção de decolar tive um motivo a mais para dar uma apertada no braço do Bruno.

Enfim, quando chegamos em Phi Phi Don encontramos um brasileiro (óbvio) e conversamos sobre o assunto. Ele comentou que fazia sentido porque a Tailândia estava repleta de jovens israelenses curtindo as férias pós-serviço militar. Começamos a reparar que por todos os lados haviam rapazes de cabelo raspado a la milico. Vimos muitos grupos de rapazes e moças (elas também fazem o serviço militar) que se conheciam e falavam o mesmo idioma. Depois, reparamos que diversas placas na ilha estavam escritas em uma língua diferente do tailandês e do inglês, perguntamos, era hebreu.

De manhã, enquanto assistíamos ao debate dos candidatos americanos (que só falavam em terrorismo) e tomávamos o café com parte do exército de Israel, não pude evitar o pensamento: Céus, que lugar perfeito para um atentado!

Felizmente nada aconteceu. Mas eis que chego e vejo essa notícia
do atentado em Sinai (já esperado), aproveitando um feriado judeu, num bom hotel e em dois acampamentos de mochileiros. Muitos turistas de diversos países morreram ou ficaram feridos.

Ou seja, é absurdo como essa briga pode afetar as pessoas em tantos lugares do mundo!

No Brasil, a nossa insegurança não é tão motivada por conflitos políticos e religiosos, mas por um caldinho composto por má distribuição de renda, impunidade, corrupção, tráfico de drogas, entre otras cositas. Já esse tipo de insegurança não é tão grande aqui pela Ásia, onde as ruas constumam ser seguras para turistas. A não ser, é claro, para os “premiados” nas loterias dos atentados e seqüestros políticos (bate na madeira).

Mundo mutcho loco este!


Desejo do dia: sol.

quinta-feira, outubro 7

Constatações rápidas sobre a Tailândia


A Tailândia é o país mais parecido com o Brasil que visitamos na Ásia, só que, aparentemente mais pobre. As pessoas até entendem piadas de duplo sentido e deboche e tentam enganar os turistas na maior cara-de-pau. Bangkok me lembrou bastante São Paulo, em alguns dos piores aspectos e as praias do Sul se parecem com as do nosso Nordeste, nos melhores.

Entretanto, em termos de organização para receber o turista, perdemos a longa distância. Mesmo não falando inglês, os tailandeses que encontramos falavam melhor que seus correspondentes no Brasil. O número de turistas, a conta bancária dos mesmos e a diversidade de origem é de fazer inveja louca à Embratur. A segurança coloca o Rio de Janeiro e qualquer outro destino turístico brasileiro na sola das Havaianas Fashion. Sem contar a organização dos transportes, as informações, os resorts e toda a infra-estrutura turística disponível.

Tá certo que Hollywood ajuda. Cansei de ver mocinha por aí dizendo que tem como sonho conhecer a Ilha na qual o carinha que La Gisele tá pegando filmou "A Praia". Na época, os ecologistas tiveram pitís porque a equipe técnica quis plantar uns coqueirinhos aqui, cortar umas plantinhas ali. Agora, lanchas e lanchas lotam, todos os dias, façam monsões ou sol a pino, aquela minúscula baía. Todo tipo de sujeira flutua sobre a água. Mas o cofrinho da região e da monarquia tailândesa vai bem-sawadee.

Aqui na Ásia fizemos viagens ótimas a lugares lindos. No entanto, os turistas do mundo não sabem o que estão perdendo em não visitar o nosso Brasil e se depender das políticas ancestrais de nossos governantes, nunca vão saber.

Fotos da viagem. Nas quais vocês poderão ver nossas caras e bocas e extra-pounds, praias, templos, a ilha na qual você-sabe-quem filmou você-sabe-qual-filme, passeio de elefante, baratas, digo, besouros salgados e outros clichês turísticos que só papai e mamãe vão ter paciência para apreciar.

Desejo do dia: Parabéns estratosféricos para o meu amadíssimo irmão Leonardo que não namora a Gisele mas é um artista! Completa 14 invernos curitibanos.

O próprio!


segunda-feira, outubro 4

Feliz aniversário, minha amada



Como toda “mocinha direita”, eu amo meus pais e irmãos acima de todas as coisas. Sinto muito a falta deles por aqui.

Dia 03, foi o aniversário da minha mãe e eu estava viajando. Passei o dia na feira interminável de domingo de Bangkok. Estava difícil ligar de lá e sei que ela ficou triste.

Mas hoje vamos falar pela Internet e ela vai poder ver minhas trancinhas tererê e essa homenagem.

Minha mãe é pintora, é uma mulher extraordinária e, assim como o meu pai (que é ourives), tem poderes mágicos. Nunca os vi falando mal de ninguém, querendo mal. Nunca me faltou um cafuné, um beijo, colo, um ensinamento ou uma palavra de apoio. Para eles eu sou capaz de tudo, eu mereço tudo.

Meus pais se separaram quando eu era criança e desde cedo tive que ter para eles um olhar maduro e tentar ser menos egoísta. Tive que vê-los como pessoas tentando construir vidas novas. Mas nunca deixaram de ser super-humanos para mim. São amigos, possuem novos companheiros e agora eu tenho uma família imensa que inclui três irmãos, um padastro, uma madrasta e uma ex-madrasta, todos pessoas incríveis, que convivem e se curtem.

Ou seja, eu não poderia ter escolhido pais melhores para essa vida. Sou orgulhosa e admirada. Não perco uma oportunidade de dizer que os amo, de fazer e receber um carinho, de agradecer e aproveitar cada segundo.

A figura acima é o detalhe de um quadro que minha mãe pintou de nós duas.

Tudo o que ela faz, faz bem-feito, faz com amor e tem uma sabedoria e capacidade de aprender imensas (assim como meu pai). Eu ainda não sei costurar, bordar, pintar, cozinhar, jardinar e fazer todos os trabalhos manuais que existem como ela, mas procuro ter a mesma dedicação e cuidado com tudo o que faço, pois “o acabamento é fundamental”.

Parabéns, minha grande amiga. Obrigada por tudo.

Benção, mãe. Benção, pai.

Amo vocês mais do que é possível explicar.


Desejo do dia: Feliz aniversário!
Para ver mais quadros da Mami, clique aqui.