segunda-feira, dezembro 26

Absurdo!

O texto abaixo é um parecer da Deputada Juíza Denise Frossard e me fez pasmar. Inclusive porque participo de uma rede catarinense para inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Na univerisdade, uma das minhas alunas está fazendo um trabalho sobre a boa influência que uma pessoa com deficiência traz para o ambiente de trabalho. Eu, que já tive a felicidade de trabalhar com essas pessoas, sei bem.

O projeto estabelecia como crime a discriminação de pessoas em razão de doença de qualquer natureza. Em seu parecer, Frossard diz que “na prática, será muito difícil distinguir o preconceito do instinto de conservação” e que “poucas pessoas sentem prazer em apertar a mão de uma pessoa portadora de lepra ou de Aids. A discriminação é válida quando se trata de doença contagiosa ou de epidemia que coloca em risco a vida e a saúde da comunidade.”
Não é uma questão de prazer. Para que dizer que a discriminação é válida? Ela poderia ter dado seu parecer de outra forma.

As reações dos movimentos sociais foram imediatas. Segundo Regina Atalla, do CONADE, "Seria muito bom que a nobre deputada incluisse também que ninguem é obrigado a suportar as deformidades de carater, principalmente daqueles que são pagos pelo erário publico para legislar pelo bem comum."

"A deformidade física fere o senso estético do ser humano. A exposição em público de chagas e aleijões produz asco no espírito dos outros, uma rejeição natural ao que é disforme e repugnante, ainda que o suporte seja uma criatura humana. Portadores de doenças e deformidades costumam freqüentar locais públicos exibindo as partes afetadas do corpo, não só com o intuito de provocar comiseração, como também, com o propósito de afrontar a sensibilidade dos outros para o que é normal, saudável e simétrico.
Ninguém é obrigado a ser herói, dizia Nelson Hungria. Ninguém pode ser obrigado a suportar a doença e a deformidade alheia, contrariando a sua própria natureza. Há pessoas vocacionadas para a missão de curar o espírito e o corpo dos seus semelhantes, como os sacerdotes, analistas e médicos. Essa vocação não é de todos. Por isso mesmo, não se há de punir quem não seja vocacionado. Entretanto, aquele que manifesta preconceito ou discrimina, sem justa causa, de modo a humilhar e causar sofrimento ao portador de doença ou deformidade merece punição no juízo cível, pagando indenização por danos morais e, em caráter temporário, ser proibido de exercer a sua profissão ou ter interditado o seu estabelecimento, se for o caso. O juiz tem condições de avaliar os fatos e a punição cabível na esfera cível, sem necessidade de ingressar na esfera penal. " (grifo nosso)
Destarte, voto pela rejeição do projeto de lei nº 5.448 de 2001.
Sala da Comissão, 14 de setembro de 2004
Deputada Juíza Denise Frossard Relatora
Bento Gonçalves, 16 de Dezembro de 2005.

"Como resposta a este parecer que banaliza principios odiosos e estimula sentimentos nazistas, foi decidido pelo conade as seguintes providencias:
1 -Redação de moção de repudio vemente a este parecer e a atitude da deputada, com ampla divulgação para entidades e imprensa
2 - Apresentação de denuncia a Procuradoria Federal de Direitos do Cidadão do Ministerio Publico Federal
3 - Denuncia a Comissão de Etica da Camara, argumentando a quebra do decoro parlamentar, com possivel perda do mandato
4- Reuniao de uma comissão do Conade eleita em plenario com o Presidente da Camara Federal, para cobrar providencias a este descalabro.
É preciso que nos mobilizemos para repelir este absurdo e exigir as providencias e punições cabíveis. Vamos dar a nossa resposta a altura, divulgando este absurdo para o maior numero de pessoas. Abraços, Regina Atalla"

Penso que é preciso aprender a conviver com as diferenças, que, mesmo quando as aparências externas chamam a atenção, já dizia Saint Exupery e, de certa forma, pregam as mais diversas religiões, "só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos".

O vídeo a seguir mostra o quanto podemos aprender com essas pessoas (ou melhor, com qualquer pessoa, porque quem é perfeito?). Esse vídeo sempre me faz chorar, principalmente quando o Papa desce do palco para cumprimentá-lo: Tony Melendez.

Desejo do dia: Feliz Natal, Feliz Ano Novo e mais humanidade.

terça-feira, dezembro 20

PASSAMOS!!!!

PASSEI PARA O PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA!!! O BRU TAMBÉM! VAMOS ESTUDAR JUNTOS! SÓ QUE ELE É ENGENHEIRO E EU NÃO...

Meu projeto fiz sobre sistemas de gestão do conhecimento para redes sociais. O estudo de caso será em organizações que realizam ações para a juventude. Pelo menos foi o projeto que mandei, mas dizem que os professores empre mudam alguma coisa.

VIVA!!!!!!!!!! CONSEGUI!!! VOU FAZER MESTRADO!!!

Desejo do dia: completamente realizado!!!!

quinta-feira, dezembro 1

Matrix

"O universo material é concebido como uma uma rede ou teia dinâmica de eventos inter-relacionados. Nenhuma das propriedades de qualquer parte dessa rede é fundamental; todas decorrem das propriedades das outras partes, e a consistência global das suas inter-relações determina a estrutura da rede toda" (Capra, Sabedoria Incomum, 1998, p.42)

Não é como se uma parte de mim tivesse ficado na Ásia. Uma parte de mim está na Ásia, mandando notícias das calçadas, constantemente. Deve estar sendo vista como um fantasma pelos médiuns transeuntes.

Tem uma parte de mim no futuro também, transitando pelo prédio da ONU em NY.

Ando conectada com todas essas partes. Com a minha infância e adolescência e provavelmente com vidas passadas e futuras. Eu não vivo, eu vibro.

A única coisa que me preocupa é uma consciência muito clara do meu livre-arbítrio e da minha responsabilidade para com este mundo. Estarei tomando as decisões corretas? A medida dessa pergunta deve ser o fato das coisas estarem sempre dando certo.

O conceito de redes está cada vez mais claro para mim. Nesse caos em que se encontra o mundo, tenho um insight de que o futuro está nas conexões que as pessoas e instituições farão entre sí, que são facilitadas pela tecnologia e que estão cada vez mais sinceras.

Deve ter sido algo que tomei na Ásia.

"É bom saber que se eu for suficientemente estranho a sociedade vai me aceitar e tomar conta de mim." (Ashleigh Brilliant)

Desejo do dia: de agradecimento a todos os seres que cuidam de mim.

quarta-feira, outubro 26

Professorando

Entre outras coisas, estou dando aula na universidade. Todas as impressões que eu tinha a respeito dos professores estavam erradas e tenho a impressão que um aluno nunca vai compreender realmente um professor e como essa relação funciona até que se torne um. Assim como um filho não compreende completamente os pais, imagino.

Eu imaginava que era mais uma no meio de uma turma e não compreendia como um professor tem noção exata do desempenho de cada aluno e como uma nota é muito mais que o resultado de qualquer exama. Pensava a relação aluno-professor como burocracia. Mas eu me preocupo se cada um está aprendendendo, sei quais estão interessados e quais estão enrolando, dou mais atenção para aqueles que me pedem e percebo que eu poderia ter aproveitado mais a universidade se tivesse a consciência de que os professores sabiam que eu estava ali.

Mais do que isso, os professores conversam entre si e trocam opiniões sobre os alunos (trocavam sobre mim?). Numa cidade pequena como Florianópolis, isso pode fazer diferença na vida profissional. Eu mudei bastante desde a universidade, quando era um pouco relapsa, embora tivesse boas notas. Espero que tenha uma chance de mudar qualquer má impressão.

Desejo do dia: matar as saudades dos amigos da Internet, que só tenho visitado em silêncio. Será que um dia vou ter tempo de novo?

sexta-feira, setembro 16

Divulgando...

"CARTA REPÚDIO À REVISTA PLAYBOY

Em edição de Maio de 2005, a revista Playboy publicou uma matéria intitulada “Trocando Armas por socos”. Esta matéria, escrita por Adriana Negreiros, já surpreende apenas por sua chamada: “A incrível história do inglês que ensina boxe para garotos pobres e violentos do Complexo da Maré, uma perigosa favela carioca, onde quem dá as ordens é o tráfico de drogas”. Contudo, o absurdo não pára por aí. A repórter segue com sua etnografia da “perigosa favela carioca”, construindo uma paisagem absolutamente assustadora. Adjetivos como “uma das favelas mais violentas do Rio de Janeiro”, “Comunidade de negros, pobres e descalços, onde qualquer visita soa como uma ameaça”, e de “jovens em constante estado de alerta para a briga”, entre outros, compõem o quadro do espaço descrito.

É profundamente lamentável que, ainda hoje, tenhamos profissionais da área de comunicação com uma visão tão limitada e preconceituosa dos espaços populares. Não é necessário lembrar que notícias veiculadas nos meios de comunicação produzem, reproduzem e fortalecem rótulos e identidades. Com matérias sensacionalistas como essa, a revista contribui para a estigmatização e produção de uma imagem onde o espaço favelado é visto como um gueto perigoso e criminoso e em nada colabora na construção de uma cidade mais justa.

Assim, através desta carta, vimos expressar o nosso repúdio e indignação à atitude tomada por esta revista, que ao publicar a referida matéria, alicerçada em estereótipos e preconceitos, homogeneíza e desqualifica a comunidade Nova Holanda, e torna invisíveis as práticas culturais e sociais de seus moradores, assim como sua riqueza histórica de luta e resistência.

Esperamos, desta forma, que ao admitir o papel político da matéria, Esta revista possa mudar sua postura e deixar de reforçar no imaginário popular imagens distorcidas ou parciais das localidades que aborda em suas reportagens, e que passe a não olhar para esses espaços como locais onde predominam infrações e delitos, vistos como atitudes inerentes às camadas mais pobres da população.

Não deixaremos mais episódios como esse passarem despercebidos. Esperamos, ainda, que a revista se retrate perante a sociedade pela descabida publicação e deixamos claro, aqui, que nós moradores do Complexo da Maré somos conviventes e não coniventes com o tráfico de drogas.

REDE MARÉ JOVEM"

Pedido de Retratação

Desejo do dia: entusiasmo

terça-feira, agosto 30

Infomania - se é que vocês me entendem

Deu no Estadão

"Segundo cientistas ingleses o uso excessivo de internet pode gerar nova doença.

Data: 26/08/2005

Cientistas da Universidade de Londres, liderados pelo professor Gleen Wilson, descobriram que o uso excessivo de internet, principalmemte de e-mails, pode acarretar no surgimento de uma nova doença. Segundo a pesquisa, que foi patrocinada pela Hewlett-Packard, a infomania, ou vício de e-mail, pode resultar em uma queda de 10 pontos, em média, no coeficiente de inteligência.

Isso ocorre devido a ansiedade do internauta pela espera de uma mensagem eletrônica é pior que a dos dependentes de maconha. “O uso do e-mail em excesso produz uma queda de dez pontos, em média, no coeficiente de inteligência, enquanto o consumo de maconha produz uma baixa de quatro pontos”, afirma o dr. Wilson.

Wilson citado pelo site IBLNews, explica que as pessoas estão cada vez mais dispostas a interromper férias ou reuniões de lazer para responder a e-mails e mensagens de texto, o que pode reduzir sua agilidade mental.“O déficit mental equivale ao verificado em uma noite de sono perdida”, diz Wilson.

Já para Stephen Franzoi, professor de psicologia na Universidade de Marquette, em Winsconsin , a infomania pode ser comparada à obsessão dos jogadores em máquinas de cassino. “Eles perdem e continuam na esperança de ganhar. Eles ganham , mas nunca estão satisfeitos. E jogam de novo até perder tudo. Em psicologia, isso é chamado de reforço de proporção variável”, esclareceu Franzoi ao Mulwaukee Journal Sentinel."

Encontrei no site Acessibilidade Brasil, no meio de muito trabalho.

Também estava lá no site: "A britânica Hillary Lister se tornou nesta terça-feira a primeira pessoa tetraplégica a atravessar sozinha o Canal da Mancha num barco a vela."

Cada um aproveitando o seu tempo da sua maneira.

Desejo do dia: realização

sexta-feira, agosto 19

Tristeza

O Mercado Público de Florianópolis está pegando fogo!

Estou no continente em São José. Daqui dá para ver a fumaça, que me lembrou a visão do 11 de Setembro na Ilha de Manhattan ou o cogumelo de uma bomba atômica.

Será que foi por falta de manutenção? Uma tristeza...

Espero que agora a gente cuide da ponte.

Desejo do dia: encontrar o que estou procurando.

quinta-feira, agosto 4

Eu nasci, há 2? anos atrás...

Sobre a sensação de estar dando aula, lembro da passagem de Apollinaire:
"Venha para a beira", disse ele.
Eles responderam: "Nós estamos com medo"
"venha para a beira", disse ele.
Eles vieram. E ele os empurrou... e eles voaram.

Se tem uma coisa que eu destesto admitir é que quero emagrecer. Mas a situação está ficando crítica. Há dez anos que eu não pesava 56. Foi só um dia, mas foi revelador.

Só fiz dieta duas vezes na vida e as duas funcionaram. Vamos para a terceira! Dieta, exercícios e afins. Talvez, até, quem sabe, nutricionista, de novo.

Acabei de ler sobre a dieta Ayuverdica. Sim! Com o deprimente nome de dieta de Hollywood! A que nível... Como a própria reportagem diz, não segue bem todos os conceitos que rolam pela Índia, mas sabe-se lá o que é certo nesse mundo. Qualquer um que entenda sobre a realidade da Índia percebe que não é difícil para aquele povo manter uma dieta sem carne, derivados de leite, pão, doces, industrializados e guloseimas. A pobreza é radical.

Aff, odeio admitir o desejo mundado de estar em forma.

Esses dias foram muito corridos. Além do trabalho normal e das aulas, participei da elaboração de um projeto para a Petrobrás, para os jovens do Morro do Mocotó, que fica numa das regiões mais deprimidas de Floripa, o Maciço do Morro da Cruz. Unimos algumas ONGs e a Prefeitura para elaborar um projeto. Já temos a possibilidade de mandar para mais duas fontes.

Mesmo com a correria, não rolou um emagrecimento. Só festas juninas, fundues, café colonial...

Ah, dia desses foi meu aniversário! 12 de julho. Recebi uma chuva de recados no Orkut, mas não mandei uma daqueles e-mails chatinhos agradecendo a todos. Nem os legaizinhos, agradecendo um por um.

Sim. Sou canceriana, com ascendente em peixes, sejá lá o que isso signifique. Já leram um horóscopo ao contrário? Muito animador!

CĀNCER - 21/06 a 21/07 >Você é um chorão desgraçado. Os outros signos do zodíaco são obrigados ficar agüentando você reclamar da sua vida. Você se acha solidário e compreensivo com os problemas das outras pessoas, o que faz de você um baba-ovo puxa-saco. O que você quer mesmo é ficar "bem na fita". Você só quer saber de se dar bem, custe o que custar, e acaba sempre ficando numa boa, apesar de não valer nada. É na verdade um canalha com cara de santo. Quando pressionado você faz chantagem emocional. Chora e faz da sua vida a pior de todas. Por isso, os outros signos do zodíaco nunca desconfiam de você. E o pior é que todos gostam de você. Profissões típicas do cenceriano: Cabeleireiro, Manicure/Pedicure, Animador de Auditório.

Desejo do dia: apê novo.

domingo, julho 3

Medo do escuro

Estou sem Internet e devo ficar sem até semana que vem!

Meus sonhos estranhos estão atacando. Ainda bem que o Bruno está voltando, porque dormir de luz acessa não está me fazendo bem. Tenho sonhado com mísseis cainda na minha cabeça.

Há algum tempo sonhei com uma invasão alienígena. Começava numa praia. Depois fiquei sabendo que está saindo um filme com essa temática. Vi uma cena de rpomoção e se parece com o meu sonho. Agora não sei se quero ver o filme. Tenho medo de ter invadido a cabeça do Tom Cruise. (Alguém já viu "Quero ser John Malcovich?")

Não tô pirando não, é que trabalhar no mundo da política vem dando um nó na minha cabeça. Chega a ser hipocrisia atacar os esquemas do Congresso. Todo o nosso sistema político precisa mudar urgentemente, começando por qualquer eleição para vereador.

"Os livros têm os mesmos inimigos que o homem: o fogo, a umidade, os bichos, o tempo - e o seu próprio conteúdo" (Paul Valéry)

Desejo do dia: força de vontade para emagrecer.

terça-feira, junho 21

O relógio tá de mal comigo....

Ontem completamos dez anos juntos!!! Oito de namoro, um de noivado e um de casório. Sim, começou numa festa junina! Por isso estou romântica e vou indicar uma musiquinha para o meu amado "espouso": Adriana Calcanhoto, cantando os "menestréis" da periferia, Claudinho e Buchecha: "Fico assim sem você". http://radio.terra.com.br/busca/musicas.php?musica=Fico%20Assim%20Sem%20Você

Ele está em Xangai, que fica naquele país censurador de blogs e não deverá ver esse recado no final-de-semana, até que chegue na terra do consumo e da liberdade: minha querida Hong Kong.

E hoje é dia de São João e do Seu Juan, meu pai, ourives (o profissional que faz jóias), artista, marceneiro, místico, numerólogo, mestre, professor de ourivesaria, surfista de Internet, pai-para-toda-obra, entre outras coisas, que eu amo e admiro muito e de quem tenho grande orgulho. Parabéns!!!!!

Desejo: que o meu pai pare de fumar.

segunda-feira, junho 20

Quase!

A Câmara de Vereadores aprovou um projeto para subsidiar as passagens, mas o Prefeito mandou dizer que não vai assinar!!!

"A Insustentável Leveza do Ser" foi um desses livros que li anotando. Dentre muitas passagens sobre romance e sobre guerra, chamou minha atenção a seguinte:

"Aqueles que pensam que os regimes comunistas da Europa Central são obra exclusiva de criminosos deixam na sombra uma verdade fundamental: os regimes criminosos não foram feitos por criminosos, mas por entusiastas convecidos de terem descoberto o único caminho para o paraíso. Defendiam corajosamente esse caminho, executando para isso, centenas de pessoas. Mais tarde ficou claro como o dia que o paraíso não existia e que, portanto, os entusiastas eram assassinos." (Milan Kundera)

A luta dos estudantes pelo passe livre é justa se considerarmos que foi uma promessa de campanha do Prefeito eleito. Eles estão lutando pelos seus direitos, pelo que acreditam. De fato, somente as pessoas que encontram a manifestação nos momentos de descontrole, como encontrei duas vezes, ficam com medo. O saldo são algumas vitrines quebradas, telefones, lixeiras e calçadas, alguns presos e feridos. Mas não é possível mesmo saber o que está acontecendo, quem está quebrando, o que pensa, nem o que isso tem a ver com as reivindicações e com os estudantes. Não dá para saber quem está "certo". É preciso confiar desconfiando.

Na política, infelizmente tenho aprendido que é assim. É preciso sobretudo, desconfiar das notícias, das denúncias, até das fotos.

Quem trabalha no poder público geralmente pertence a um partido e, mesmo quando um outro ganha a eleição, alguns funcionários fazem de tudo para "queimar o filme" dos "inimigos". Por exemplo: pessoas ligadas à área da saúde podem não repassar remédios para os postos de saúde só para que a comunidade reclame da administração, ainda que isso prejudique as pessoas que nada têm a ver com a disputa. Isso pode acontecer até mesmo dentro do mesmo partido, se tiver alguém querendo um lugar que é de outro. Há SEMPRE um interesse político e é muito difícil para aqueles que têm boa intenção, desenvolver um bom trabalho.

Parece que tudo no País (e eu me pergunto se não é assim no mundo) está relacionado ao interesse de grupos políticos, ligados a grupos econômicos ou sociais e famílias diversas, até nas menores instâncias como grêmios acadêmicos e associações de bairro. Mas nem sempre se trata de uma política sadia e participativa, há interesses não revelados fazendo do povo massa de manobra. Ouvimos as notícias, as fofocas, apoiamos algum lado, sem nunca saber realmente o que se passa.

Quanto mais eu tento entender, ir atrás, mais eu descubro como é tudo um grande jogo de interesses, em grande parte, transitanto nos limites da decência, mas difícil de ser denunciado, afinal, está muito bem amarrado.

Precisamos de uma melhor educação para a política, que nos ensine a pensar realmente coletivamente. Assim, quando precisarmos de algo, não vamos mais procurar "aquele político nosso amigo". Falta transparência, objetividade administrativa, falta solidariedade... acho que vou me manifestar também!

Como?

Desejo do dia: cobertor!!! Tá muuuuuuuito frio!

quinta-feira, junho 16

Fusuê III, em ritmo de funk: "Ah, eles estão descontrolados!!!"


"Do rio que tudo arrasta se diz violento, mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem." (Bertold Brecht)

Estava no Centro, lá pelas 8:00 h da noite, conversando na frente do prédio da Associação, quando ouvi uma explosão próxima que pensei que fossem fogos de artifício. Dali à pouco, mais uma. Até que vimos o pessoal correndo. Eram os manifestantes. "De novo?", pensei. Alguém avisou: "A coisa tá pegando fogo. A polícia está atirando e soltando bombas".

Bombas? Nem sabia que ainda havia manifestação! Mas lá vinham correndo os jovens com camisetas de protesto enroladas na cabeça, alguns usando máscara de proteção, dessas que dentistas e médicos usam. Um caos! Corri para pegar o carro e sair dali o mais rápido possível. Ao lado do meu carro, vi quando um estudante largou no chão um desses pedaços de paralelepípedo, do tipo que formam as calçadas de Ipanema e as daqui de Floripa também.

"Tão quebrando tudo, tudo, tudo." Avisou o rapaz do estacionamento. "Vieram destruindo desde lá de baixo, quebraram até o Banco do Brasil, de novo." A essas alturas, eu já podia ver os guardas correndo, vindo de todos os lados. Na frente do Banco de Brasil, passava um batalhão de choque... Logistas apressavam-se em fechar as lojas que ainda estavam abertas.

Fui para casa e pude acompanhar, mais tarde, cenas terríveis pela TV. As piores desde que o movimento começou. Foram quebrados orelhões diversos, lixeiras (que aqui são bem bonitinhas), lojas, calçadas. Imagens de carros dando a volta desesperadamente, como fiz outro dia, confrontos, um cinegrafista que ganhou uma pedrada e estava com a cabeça sangrando muito...

Ainda havia cerca de mil pessoas nas manifestções, segundo o reporter e o movimento espera mais para amanhã.

E o Bruninho lá na China... nem pode ver minha homenagem ainda, pois a Internet lá é censurada, e o meu blog, que tem palavras proibidas como "Taiwan", não abre de jeito nenhum.

Desejo do dia: quero a minha mãe!

segunda-feira, junho 13

Em tempo

"Enchei a taça um do outro
Mas não bebais da mesma taça
Dai de vosso pão ao outro
mas não comais o mesmo pedaço
Cantai e dançai juntos e sede alegres
mas deixai cada um de vos estar sozinho
Assim como as cordas da lira são separadas
e no entanto, vibram na mesma harmonia
(...)
E vivei juntos, mas não vos aconchegueis em demasia
pois as colunas do templo erguem-se separadamente
E o carvalho e o cipreste não crescem à sombra um do outro"
(Gibram)

Bru, você me faz querer ser uma pessoa melhor, quando me ama e me respeita exatamente como eu sou. Obrigada por tudo!

Desejo do dia: Feliz dia dos namorados, aí do outro lado do mundo!!!

quinta-feira, junho 9

Fusuê II


Jovem pintando colega diante da Catedral. (
Mais fotos)

Para entender melhor o movimento, hoje, no nono dia de manifestação, resolvi dar uma olhada. Encontrei uma porção de jovens animados, representantes de outros movimentos sociais e lideranças diversas de esquerda.

Assim como os jovens pareciam tranqüilos e centrados, também pareciam os policiais.

Alguns jovens que haviam sido presos nas primeiras manifestações estavam lá, bem como a menina que ouvi a mãe contar, ontem, que havia feito uma música na cadeia.

E já que haviam sido presos por formação de quadrilha, os jovens resolveram fazer uma quadrilha de festa junina e cantar:

"Pula a catraca Ia, Ia,
Pula a catraca Iô, Iô,
Cuidado para não apanhar,
Pois a polícia já bateu no meu amor"

Aproveitei para tirar fotos para o Blog.

Fiquei numa reunião até 21:30, quando saí, resolvi dar uma olhada para ver como estava a manifestação. Quando passei na frente da Rodoviária, gelei. Uma turbe veio na minha direção e dos outros carros, correndo, gritando, jogando cones. Subi com o carro no canteiro para fazer o retorno, primeiramente com receio de estar fazendo algo errado, depois, escoltada por um policial numa moto. Carros e ônibus que estavam sendo atacados bateram em retirada, auxiliados pela polícia.

Corri para casa e ainda tive tempo de fotografar as cenas do local onde eu estivera, ao vivo, na tela da TV a Cabo (Canal Local).

Como as passagens para as praias estão custando R$3,00, algumas pessoas terão que gastar R$130,00 de ônibus por mês. Ganhando um salário mínimo? Realmente estamos vivendo uma crise de legitimidade dos poderes executivo e judiciário no País e os jovens não acreditam mais que os políticos, como a Câmara de Vereadores, vai ajudá-los a resolver o problema.

Mas sinto que o movimento está ficando mais controlado, mais irônico. Dizem que a multidão gritava para ninguém quebrar nada desta vez. Não vi abusos dos policiais. Acho que estão todos aprendendo.

Amanhã alguns dos estudantes que foram presos farão parte de um chat no Clic RBS (www.clicrbs.com.br), site onde também podem ser encontradas fotos e o mural com respostas para a pergunta: "Você é contra ou a favor da manifestação?", aqui.

Desejo do dia: decisões acertadas.

quarta-feira, junho 8

Fusuê


Panfleto que está sendo distribuído pela cidade.

No começo da noite de hoje, fui comprar um calzone e encontrei ao lado do caixa, o singelo bilhetinho acima. Perguntei se o problema já não havia sido resolvido e disseram que não, que naquele exato momento estavam ocorrendo as manifestações. Mais tarde, na Universidade Federal, pude ver também os cartazes que diziam ainda algo como "organize a mobilização no seu bairro, amanhã não pague passagem". O povo está mesmo empenhado.

Como quem está de fora, vejo todo tipo de opinião: estudantes animados com a possibilidade da vitória; amigos preocupados com a segurança dos filhos; uma outra com a tia que estava nervosa num num ônibus que quase foi virado pela multidão; uma mulher que teve a filha presa, ouvi de relance, enquanto ela comentava que a menina havia escrito uma canção na cadeia, depois de sonhar que estava apanhando dos policiais; um médico que atendeu policiais feridos; um jovem que denuncia a truculência dos policiais, das prisões e balas de borracha, e ataca as decisões que o governo tem tomado na tentativa de resolver a questão.

Trabalhei muito esses dias e felizmente não tenho dado de de cara os horários das manifestações. Todo dia, por volta das 18:00 h, o pessoal começa a ligar para perguntar como estão as coisas nas proximidades dos terminais. Antes de ontem, parece que houve paralização à tarde e os ônibus voltaram a circular às 18:30 h, quer dizer, os que conseguiram, pois muitos estavam com pneus furados. Encontrei um desses no caminho, no meio da pista, completamente arriado.

E ai de quem vier me dizer que tenho que ter maior consciência social e me envolver mais nessa questão. Tenho trabalhado arduamente na Prefeitura de São José, planejando e buscando recursos para desenvolver projetos de saúde, fora os projetos desenvolvidos pela ONG. Eu sei que há muitos problemas graves acontecendo, mas cada um de nós encontra a sua maneira de tornar esse mundo mais justo. Cada qual com as suas habilidades, a minha é o planejamento.

Já discuti muito com um colega do curso de Direito que dizia que a saída para a nossa sociedade era uma revolução armada dos trabalhadores. Admiro muito as lideranças jovens, conscientes. No entanto, é difícil detectar a diferença entre os ativistas conscientes e a massa de manobra. É triste descobrir que por trás de muita coisa que parece justa estão as velhas raposas astutas da política - algumas delas bem jovens.

De qualquer forma, se tiver um tempinho, vou tentar dar uma espiada na manifestação.

Ah, TICEN é Terminal Integrado do Centro.

Desejo do dia: a famosa boa noite de sono.

sábado, junho 4

Movimentos Sociais - dia de reflexão


Foto do Jornal Diário Catarinense. "À noite, os manifestantes são impedidos de bloquear a Ponte Colombo Salles(...)" Foto(s): Julio Cavalheiro/DC.

Tudo calmo no caminho da Universidade, mas, durante a noite, ainda rolaram telefonemas de pessoas preocupadas avisando amigos e familiares que havia confusão no Centro e é isso que torna o clima tenso. Na verdade, parece que houve apenas uma grande manifestão, novamente pela Beira-Mar, de duas horas, parando o trânsito, mas tranqüila. Ao contrário da noite anterior, quando o movimento perdeu o controle dos participantes.

Parece que o movimento encontrou o rumo novamente. Durante a aula, o professor comentou sobre as manifestações que fez na juventude, como líder estudantil, incluindo uma greve de fome (falsa!). Mas estava preocupado pois essas manifestações não atingiam pessoas que nada tinham a ver com ela. Um certo confronto com a polícia é previsível, mas o ataque aos carros, aos prédios, às pessoas, o vandalismo, desmoralizam os movimentos sociais. Fala-se que outros grupos aleatórios ao movimento dos estudantes entraram na confusão e aproveitaram para promover a quebradeira e que os próprios líderes do movimento estavam preocupados e não conseguiram impedí-los.

Se perguntássemos a alguns dos jovens envolvidos, talvez eles não soubessem explicar bem os motivos do protesto. Havia até um movimento punk promovendo o quebra-quebra, dizem. Estes subiram no carro de som, tiraram os líderes que estavam procurando acalmar a turbe e incitaram o vandalismo.

Por outro lado, o professor, que trabalha na Prefeitura, disse que ouviu: "Se a Ana Paula Padrão reclama ganhando 80.000, então a gente tem que quebrar tudo", ou algo assim, de uma lógica incompreensível.

De fato, todos temos culpa do abuso das empresas de ônibus, acertadas com os políticos que insistimos em eleger, dentre outras culpas. Os jovens sempre estão dispostos a tentar mudar aquilo que vêem de errado. Precisam de boa orientação.

Hoje, numa manifestação pacífica, Hong Kong lembrou o aniversário do massacre da Praça da Paz Celestial, em Beijing. É difícil definir certo e errado, mas é um bom momento para reflexão.

Desejo do dia: que uma pessoa de quem eu gosto muito possa superar uma fase difícil, de separação.

sexta-feira, junho 3

Descontrole

Estou agora me perguntando se devo ir para a aula de carro. Ouço daqui as sirenes. Não dá para saber o que está acontecendo. As pessoas se telefonam, avisam: "É melhor não sair agora!". Todos se perguntam: "Estais sabendo de alguma coisa?". "Estão prometendo algo grande para hoje". "Estão vindo ônibus de outras lugares para cá", de Porto Alegre e Curitiba, estão dizendo, para ajudar nas manifestações. O fato é que na noite passada, perdeu-se o controle. Hoje vi alguns vidros e calçadas quebradas no Centro. Dizem que as lajotas das calçadas foram arrancadas para serem atiradas nos vidros. O quebra-quebra atingiu uma sede do Banco do Brasil e o prédio antigo da Câmara de Vereadores.

Diante disto, hoje, as pessoas estavam sendo liberadas da Prefeitura mais cedo.

A semana tem sido assim, tensão na hora de sair de casa ou do trabalho, trechos desviados em função da movimentação das manifestações, incerteza.

Hoje, dizem, a "coisa vai ser grande". Há muitos grupos de policias em alerta pela cidade. Na cabeceira das pontes que ligam a cidade ao continente, a polícia montou um QG, com tendas verdes, caminhões e, dizem, até um tanque. Este eu não vi.

"Os organizadores do movimento tentaram fazer com que os manifestantes seguissem pacificamente em passeata pelo centro, mas muitos se recusaram e invadiram o terminal urbano, depredando ônibus e instalações."

"A situação ficou fora de controle, houve quebra-quebra no terminal Cidade de Florianópolis (de onde partem as linhas intermunicipais urbanas) e na praça 15 de Novembro. O antigo prédio da Câmara de Vereadores, patrimônio histórico, foi apedrejado e houve um princípio de incêndio no interior do prédio, contido a tempo. A polícia passou a perseguir os estudantes ao longo de várias ruas do centro. Por volta das 21 horas, a PM já havia ocupado a praça 15. Um grupo mais reduzido de manifestantes voltou a concentrar-se em frente ao Ticen. "Perdemos o controle, há vários grupos agindo de forma autônoma e depredando a cidade", admitiu o presidente da União Catarinense dos Estudantes, Tiago Andrino." (AN)

Balas de borracha, bombas de gás, depredação. Numa cidade não muito grande como Florianópolis, o confronto entre policiais e estudantes é quase de família. Aqui, pode-se confiar na polícia, mas eles estão irritados, percebe-se. Os menos preparados já perderam o controle, serão punidos. Algumas pessoas estão muito irritadas por terem suas vidas e caminhos alterados. Também pelos carros apedrejados.

O Prefeito desafiou, dizendo que, com ele na Prefeitura, ninguém fecha a ponte. Eu, se fosse estudante, só de birra, encontraria um meio de fechá-la.

Vejam que não estou tratando do valor ou não do tema das manifestações: o aumento da tarifa do ônibus urbano, uma das mais caras do país (mínima 1,75 reais) num monopólio do sistema de transporte que há anos domina a cidade e consegue acordos vantajosos com os governos, por um serviço que não merece.

É só uma questão de descontrole. De alguns estudantes, de alguns policias, do sistema de negociação das concessões.

Ainda não sabemos como discutir e resolver determinadas questões em nossa sociedade. Em qualquer País, por qualquer motivo, ainda temos as grandes manifestações, dos que desejam lutar pelos direitos e dos que se aproveitam disso para liberar seu lado agressivo. Mais que tudo, ainda não sabemos votar.

Vou para a aula. Se não der para passar, eu volto.

Desejo do dia: segurança.

domingo, maio 15

Terceiro Setor

Ainda não tinha comentado que estou trabalhando no Terceiro Setor, numa ONG chamada Associação Horizontes.

O Instituto Euvaldo Lodi, onde eu trabalhava antes de ir para Hong Kong também era uma ONG, mas estava bem focado no desenvolvimento industrial e tecnológico, pois fazia parte da Federação das Indústrias de Santa Catarina. Agora estou vendo um outro lado, o da capacitação de pessoas que estão excluídas do mercado de trabalho.

No IEL/SC tive a sorte de receber capacitação em gerenciamento de projetos e captação de recursos, mas tenho visto que a realidade das ONGs não é assim tão colorida. Sobra boa vontade e falta capacitação. Mesmo no Governo. Mas também tem muita gente ganhando dinheiro com cursos de capacitação e consultoria para ONGs.

Estou começando a formar um olhar crítico sobre a atuação das ONGs e algumas pessoas que parecem se aproveitar da sigla. Por isso mesmo, tenho tido algumas idéias mirabolantes de formação de redes de cooperação, que podem começar a tornar mais evidente quem faz o que e, ooops, quem não faz o quê.

Estive fora do ar, participando de um encontro de Responsabilidade Social em Criciúma, mas em breve pretendo trazer algumas questões sobre esses assuntos para discussão.

Desejo do dia: amor, para encher o coração de duas pessoas queridas.

sábado, abril 30

Vida quase digital

Que Puxa!

Depois de preparar toda a apresentação, recebemos a notícia de que haveria troca de sala. Para uma que não tinha rede! Que decepção! Desculpem-me por ter criado a ilusão. Comentei o fato na sala. Tirei a foto, projetei no datashow, mas infelizmente ela não pode ir ao ar.

Falamos sobre todo o tipo de modernidades, mas não tinhamos acesso à Internet num auditório de um prédio novo da Engenharia de Produção, de uma universidade federal (UFSC).

Penso que somos alguns poucos privilegiados que temos acesso a um mundo mais abrangente e cheio de possibilidades nessa era digital para alguns. Somos a vanguarada de algo que não sabemos bem o que é, mas também estamos sendo levados por estes eventos, para não sabemos onde.

Mas que é divertido, é.

Obrigada amigos, por enriquecerem a minha vida digital e real também.

Desejo do dia: inclusão digital.

quinta-feira, abril 28

Vida Digital

Entre as muitas coisas que eu estou fazendo está a disciplina do mestrado da Engenharia do Conhecimento da UFSC, chamada "Sociedade da Informação". Entre as muitas coisas que eu tenho que fazer, uma delas é apresentar um seminário nesta sexta-feira, dia 29, sobre Vida Digital. A apresentação deve estar baseada no livro de mesmo nome de Negroponte e no "Tecnologias da Inteligência", de Pierre Levy.

Ambas as obras são muito interessantes e estão me fazendo ficar bem animada para escrever o artigo que vale nota. Negroponte aborda a diferença entre a indústria dos átomos e a indústria dos bits e faz previsões sobre novas tecnologias. O Levy eu ainda não terminei de ler (!). Até onde eu li, fala sobre as mudanças sociais na era do hipertexto.

Mas o que eu queria dizer é que pensei e combinei com os meus dois colegas de grupo de falar um pouco sobre Blogs na apresentação e, se possível, fazer uma experiência na sala de aula. Vou levar a máquina digital e colocar uma foto da turma no Blog, na hora. Se alguém estiver navegando na sexta, entre 7:00 e 9:00 h da noite, vai estar online conosco.

Estou com saudades de visitar os amigos da minha vida digital, mas sempre lembro de todos e devo falar de vocês na aula.

Desejo do dia: tempo, claro, sempre esse danado.

sábado, abril 16

Uma coisa é uma coisa

"Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, completamente diferente"
(Ditado "manezinho")

Relendo meus diários, tenho descoberto que as coisas não aconteceram como eu as lembrava. Essa constatação me fez recordar uma frase - se alguém puder me ajudar a encontrá-la, sou grata - que dizia mais ou menos assim “as coisas não são como aconteceram e sim como as lembramos”.

Por vezes, em meu diário, eu escrevia não só o que eu havia feito, mas com quem e como me sentia ao final do dia. Lendo as anotações, pude viver novamente as histórias e descobrir que eu me diverti bem mais do que eu lembrava, que eu encarei melhor os acontecimentos do que costumava encarar as lembranças deles. Alguns desentendimentos, algumas festas que eu perdi, desilusões, deixaram só pequenas anotações. Mas as do tipo “adorei”, “um dia perfeito”, “estou muito feliz”, foram muito mais freqüentes.

Pude também detectar os momentos em que aconteceram pequenas mudanças na minha personalidade e, por vezes, até os motivos. Fui cuidadosa nas anotações com relação à impressão que tinha das pessoas a minha volta, mas acertei e errei como acerto e erro hoje.

Em certas passagens, nem eu suporto o que pensei, o que escrevi, porque fui muito chata, birrenta, metida, convencida e egoísta. Mas depois, mudava e era a pessoa mais doce que jamais pensei ter sido. No entanto, nem sempre eu mudava para melhor.

Lembro de mim como um fragmento, mas eu era uma totalidade, como agora. Ainda que desde de então eu tenha aprendido mais, que tenha amadurecido, não significa que eu tenha sido uma pessoa incompleta, apenas menos experiente. Com isso, passei a admirar e entender melhor os adolescentes. Eu não fui adolescente, eu estive adolescente. Eu não sou adulta, eu estou vivendo uma vida adulta. Os adolescentes não são potenciais adultos, eu não sou uma potencial idosa, sou uma pessoa completa, por mais maravilhosa que eu possa vir a ser uma dia.

Escrevi, em fevereiro de 1992:

"O Futuro

Amanhã chegará?
Se chegar, eu vou.
Se esperar, já passou.
Se procurar, nunca entrará.
O futuro está tão próximo!
E assim ficará, eternamente.
É o que nunca está aqui e sempre muda.
Nunca vem, mas sempre passa
E você não sente.
Sempre ali e sempre ausente.”

Desejo do dia: acertar.

quinta-feira, março 31

Lelê, lelê, lelelê lelelê.

Nessas horas lembro daquela música que penso ser da novela Escrava Isaura. Do tempo em que eu não via novela, só ouvia, porque estava muito ocupada brincando e fazendo outras coisas divertidas.

Hoje eu também não vejo jovelas porque estou trabalhando. Algo que eu não fazia tanto há algum tempo, já que estava de férias em Hong Kong. O que Deus fez foi me dizer: "você tem sido uma menina muito estudiosa e trabalhadora, agora pode passar um ano e meio de férias na Ásia, estudando inglês, sem grandes preocupações". Eu tinha uma vaga idéia de que isso estava acontecendo, mas só agora percebo que eu deveria ter me preocupado menos
enquanto estava lá. Agora é tempo de produzir novamente! Tenho muito a dizer sobre isso, mas tão pouco tempo.

Daqui a pouco eu me acostumo com o ritmo.

Ah, eu nem tinha contado que o meu ilustre (mesmo) marido foi patrono da turma de Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Isso mesmo, PATRONO! Aos 28 anos, completados no último dia 24 de março. Ele que se formou em 2000. Acho que isso aconteceu porque a turma estava cansada das mesmas figurinhas fáceis de todas as formaturas e queria um cara novo. Escolheram o Bruno entre a Prefeita, o presidente da Federação das Indústrias e outro que eu não lembro. Parece que lembraram dele porque foi presidente da Empresa Júnior e acho que porque estava na China. Talvez também porque sempre tenha sido muito falador.

Como eu poderia expressar o meu orgulho? Ele me faz acreditar em coisas boas. Sempre.

Desejo do dia: acabar com os pop-ups do site.

sexta-feira, março 18

Manifeste sua indignação

Nosso Bush, o Severino "No dia 23 de fevereiro ele pediu urgência para votar o projeto que aumenta o salário dos parlamentares de R$ 12.840 para R$ 21.500, retroativo a 1.º de janeiro, e propôs reajustar de R$ 35 mil para R$ 50 mil a verba de gabinete, que é paga a cada um dos 513 deputados. Severino chegou a dizer que a sociedade aceita a proposta de aumento salarial para os parlamentares. "O que a sociedade não aceita é desonestidade e roubalheira. Se existir isso dentro da Câmara, vou acabar", afirmou." (Estadão)

Aceitamos?

Como todos sabem, a Câmara aumentou de R$ 35 mil para R$ 43.750,00 a verba mensal de gabinete dos parlamentares. Ou seja um aumento de R$ 8.750,00. Exatamente o aumento que não foi dado como salário que ia de R$ 12.800,00 para R$ 21.500,00 num total de R$ 8.700,00. Esses valores somados a todos os outros benefícios, como os de convocações exterordiárias chegama cifras anuais absurdas, como bem mostrou o Jornal Nacional.

Como profissional da área do Terceiro Setor, participo de uma lista de discussão que tem mais de 3500 integrantes de todo o Brasil. Assim, diarimente mantenho-me informada a respeito de temas, cursos, eventos e compartilho informações e opiniões interessantes.

Mas o mais interessante é que os integrantes desta lista contribuiram muito para as manifestações que aconteceram nas ruas e na rede contra o aumento. Muitos foram juntando amigos, interessados, listas de e-mails e fortaleceram a pressão. Confesso que fiquei mei cética, mas funcionou, em parte, pelo menos. Os deputados retiraram o apoio também por estarem recebendo muitos e-mails de desaprovação (Folha). Muitos blogs também entraram na briga fomentando listas. O Senador Cristovan Buarque reconheceu esse poder em deu blog, no dia 03/03/2005.

Agora vieram com esse aumento descarado de novo. Por isso, coloco aqui um link para quem quiser, com um clique, manifestar sua insatisfação. É fácil e eficiente. Recomendo também um texto bem interessante do Roberto Pompeu de Toledo na última página da Veja desta semana, com o título: “Por que o rebotalho dá as cartas”.

Manifeste a sua indignação: www.umbrasilmelhor.com.br

Desejo do dia: uma boa negociação

segunda-feira, março 14

Birmânia?

Uma vez eu contei aqui sobre meu hábito de ter sonhos muito estranhos e reais.

Talvez, se eu os anotasse, teria muitas histórias boas para contar. Mas tenho medo de que esse estranho mundo do outro lado do dia também seja uma espécie de vida e então eu poderia estar contanto demais. Enfim...

Dia desses sonhei que eu entrava em uma comitiva, com outras pessoas muito bem vestidas, num grande salão de mármore, de pé-direito altíssimo. Pensei: "Por isso, faziam essas paredes de mármore, porque aqui é muito quente e o mármore ajuda a refrescar."

Fomos conduzidos até as portas de um balcão e quando elas se abriram, pudemos ver um rio e na outra margem, um belíssimo templo antigo com muitas torres, brilhando, em vermelho e dourado, sob um por-do-sol de sonho (como não?). Então um dos homens nos apresenta:
_ Eis o mais precioso segredo da Birmânia.

Birmânia? Eu acordei lembrando da cena e desse nome: Birmânia. Outras coisas aconteceram no sonho depois disto (como uma com uma briga com monges no templo), mas a primeira imagem ficou gravada quando acordei. Resolvi então procurar na Internet alguma coisa sobre a Birmânia.

Quem conhece a Ásia sabe que cada região tem civilizações e templos diferentes. Os do meu sonho se pareciam com os de Ankor (Camboja), mas eram avermelhados, com torres mais gordinhas. Pois então, descobri que esse tipo de templo existe, num local chamado Myanmar, que antigamente se chamava Birmânia e que fica próximo do Camboja.

Não encontrei uma imagem igual a do sonho, mas ,logicamente ,eu devo tê-la visto, algum dia, de relance, em alguma capa de revista ou livro de viagens e isso deve ter ficado gravado no meu inconsciente. Talvez trouxesse os dizeres: "Segredos da Birmânia".

Logicamente.

Desejo do dia: aprender rápido.

terça-feira, março 8

A Brasileira Típica


• A brasileira típica vai viver até os 73 anos
• Ela mede 1,58 metro e pesa 61 quilos
• Seu sutiã é tamanho 44
• A maioria tem cabelo castanho e 44% delas têm cabelo ndulado
• 45% têm pele mista
• 67% se casam, ela se casa entre 20 e 24 anos
• Ela tem 80 relações sexuais por ano, o que equivale a uma a cada quatro dias e meio
• Ela tem o primeiro filho aos 26 anos, e em média, dois filhos
• A brasileira típica não faz ginástica
• Ela usa calcinha de LycraTactel e estilo tanga
• 65% delas julgam necessário possuir casa própria antes de ter filhos
• Seis em cada dez brasileiras defendem a permanência da mulher em casa se o marido tiver boa renda
• 60% das brasileiras defendem a produção independente de filhos
• Metade das mulheres nunca faria cirurgia plástica
• Metade delas não sai de casa sem maquiagem
• Das que usam tintura, sete em cada dez pintam o cabelo de loiro
• Quatro em cada dez brasileiras dizem nunca estar satisfeitas com sua aparência
• Ela gasta 46 reais por mês com produtos para o cabelo
• 56% deixariam o companheiro viajar com sua melhor amiga
• 53% fazem dieta
• 55% consideram a mulher mais competitiva que o homem
• 44% das mulheres trabalham
• 20,4% delas têm onze ou mais anos de estudo, contra 17,5% dos homens
• Seis em cada dez trabalhadoras consideram sua ocupação apenas como um emprego, não como uma carreira
• 24% acham melhor pedir aumento a uma mulher do que a um homem
• 33% possuem conta corrente no banco e 24% têm caderneta de poupança
• Metade das mulheres tem cachorro, 14% têm gato
• Cerca de oito em cada dez vítimas de lesão por esforço repetitivo (LER) são mulheres
• 5,1% das mulheres vivem sozinhas

Sou meio desconfiada para essa coisa de "dia de(a,o,as,os)", mas já que temos um dia, que aproveitemos para pensar sobre a situação das mulheres, direitos e conquistas e é claro, aproveitemos para receber os muitos parabéns (quando eles não vêm com uma pontinha de sarcasmo).


Arrumei o álbum de fotos dos quadros da minha mãe, uma mulher e tanto.

Desejo do dia: muita sorte

quinta-feira, março 3

A Beleza Estranha


Executivos no Centro de Hong Kong, 2005. (Ábum atualizado)

Um dos textos que enviei para uma jornalista muito simpática que me pediu um relato sobre Hong Kong.


A Beleza Estranha

Há alguma coisa de poesia nas ruas de Hong Kong, em meio ao apinhamento de prédios, placas, pessoas e meios de transporte.Talvez a poesia esteja na previsibilidade. O caos de Hong Kong é previsível. Há sempre placas, cartazes, pessoas de terno, pessoas falando no celular, cabelos negros, um ou outro ocidental passando e mulheres de saltos baixos. Há sempre um ônibus, um bonde e muitos taxis vermelhos, placas indicando entradas de metrô e passarelas que levam de um prédio para outro e para outro e para a rua e para metrô... uma previsibilidade íntima do caos.


Há um certo equilíbrio nos contrastes: o exótico torna-se comum nas calçadas; milhares de pessoas apressadas formam uma unidade organizada; detalhes coloridos e extravagantes estão ao mesmo tempo nas roupas, fachadas e cartazes. Há os predios baixos e os altíssimos, uns modernos, outros antigos, como as pessoas. Então, para quem observa, o que está em cima assemelha-se ao que está embaixo.

Alguns edifícios de Hong Kong não parecem ter sido construídos, parecem ter nascido, com personalidade e alma. São conhecidos pelo nome e pela fisionomia. Ficam parados olhando e apontando suas facas do Feng Shui uns para os outros. Graças ao Feng Shui, muitos prédios não foram planejados apenas como unidades verticais a serviço dos homens e do aproveitamento de espaço. Foram projetados considerando regras de harmonia, a posição das montanhas, do mar e dos outros prédios. Estão relacionados entre si. Alguns estão ameaçando os demais com suas setas venenosas, enquanto outros parecem apenas ter sido pegos de surpresa, congelados num passo de dança. Tão únicos quanto as pessoas que se atropelam nas suas calçadas.

Assim como os contrastes revelam semelhanças, o aparente caos de Hong Kong é sustentado por um forte sistema de organização. As regras são cumpridas, os meios de transporte estão no horário, placas indicam os principais caminhos e as passarelas conduzem a todos os lugares. E fácil encontrar um amigo na multidão, um endereço que se deseja.

Parte da cidade está toda acertada como um relógio, dando voltas em torno de seu eixo e voltando regularmente para os mesmos lugares. A outra parte também está, mas em intervalos desconhecidos. Por isso, às vezes, sob determinado foco, todo o movimento de Hong Kong, parece também estar parado. Quem ficar em pé, numa mesma esquina, num determinado horário, todos os dias, talvez veja, em series periódicas, as mesmas pessoas, os mesmos carros, os mesmos incidentes.

A cidade é toda arranjada para pessoas que estão em movimento contínuo entre prédios, bairros e países. No entanto, por trás dessa aparencia cosmopolita, pode-se desconfiar que há um grupo de antigos donos, exercendo seu poder sobre todo o território, como se estivessem numa vila, com sua pequena elite. Lado a lado com essa elite, estão todos os outros cidadãos expatriados do mundo, com seus objetivos rápidos. Assim como ao lado de restaurantes extravagantes estão os botequins baratos, aparentemente imundos, conzinhando pedaços de seres estranhos e seres inteiros, que servem em refeições de nomes impronunciáveis. Como ao lado de Lords ingleses e refinados chineses passam camponeses e pessoas simples, escatológicas em suas maneiras. E ao embaralhar esses adjetivos e substantivos, ainda é possível obter uma descrição da cidade. Então há e não há o certo e o errado.

Em Hong Kong sabedoria e superficialidade, exótico e corriqueiro, belo e asqueroso, estranho e familiar, passageiro e centenário, curiosidade e vontade de partir formam combinações harmoniosas e incompreensíveis, como os versos de uma poesia inacabada.

Desejo do dia: bons negócios para a família.

segunda-feira, fevereiro 28

Quando a razão vai passear


Ontem me deixei levar por um sentimento que julgava fútil, imaturo, alienado e romântico e que já não esperava mais de mim mesma: o sentimento de fã por um "ídolo pop" (termo meio boboca, que bem se adequa a este momento). Não vibrei por causa de um escritor renomado, nem por um cantor talentoso ou um grande humanista, mas por uma modelo. Quem diria!

A verdade é que sempre gostei de abrir uma revista em qualquer parte do mundo e ver que ela estava lá, irradiando aquele estranho poder perturbador que é mais que beleza e consagrando o mito da beldade nacional. E mais ainda, de ouvir à exaustão que Gisele é um exemplo, uma super-profissional, uma simpatia etc etc etc.

Ao vê-la na cerimônia do Oscar, ao lado de Leonardo Dicaprio, vibrei abobada, como nos tempos de Capricho. Vê-los assumir a comentada relação de anos foi como chegar ao climax de uma história de amor, quando os dois personagens finalmente se entregam, após alguma tensão inicial.


Tomada de uma euforia que qualquer psicólogo deve saber explicar, me senti como se fosse eu própria lá, de mãos dadas com “Lio”, na primeira fila do Kodak Theatre, para a admiração, ao vivo, de milhões de pessoas. Assisti toda a cerimônia torcendo somente para que fimassem o casal de novo. Confesso que foi tão emocionante quanto ver a fabulosa Fernando Montenegro, que concorrera em outro ano, com toda a honra, a uma estatueta. Gisele não estava concorrendo a nada, mas já ganhou.

Até passei a simpatizar com o rapaz.


E daí que bradem que ele ainda não é digno de um Oscar? Ele fez Titanic, Agarre-me se puder, Os Três Mosqueteiros e o próprio Aviador, entre outros filmes que todo mundo viu. Tem carisma.

E daí que discutam que ele nem é tão bonito? Gisele também pode não ser a mulher mais linda do mundo, mas é a que todos gostam de dizer que é. Também é com ela que todos gostam de trabalhar e, dentre tantas, é ela que prende a nossa atenção.

E daí que ele tenha um comportamento esquisito? Ele a convidou para este momento importante e ela estava lá.

Talvez o motivo do meu interesse seja também porque chamou a minha atenção quando vi, há alguns anos, uma notinha que contava que um ator famoso, DiCaprio, após um desfile, havia oferecido flores para uma modelo brasileira e que esta as havia recusado. Só algum tempo depois, comecei a ver Gisele Bündchen nas notícias e penso que lembrei do seu nome. Será que era ela? Somente muito tempo depois, surgiram os rumores de que estavam namorando.

O que aconteceu desde então? Em elocubrações dignas de um Sidney Sheldon ou qualquer novelista mexicano, fico a imaginar este romance entre pessoas com vidas acima do comum.

No entanto, como a vida real está muito além das minhas aluscinações românticas e como ninguém é perfeito, já me dou por satisfeita com a emoção daquelas maozinhas dadas.

Ainda que esse conto não exista, só por me fazer sonhar, desejo à Gisele o melhor, ou seja, um amor gostoso de verdade, como os que só podem ser vividos na vida real.*


*Como o que vivo com o Bruno. Um amor que torna a vida extraordiária e que se irradia, aniquilando todas as impossibilidades.

Desejo fã abobada do dia: conhecer a Gisele Bündchen

sexta-feira, fevereiro 25

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quarta-feira, fevereiro 23

Operação Playboy

“O grupo de Brasília é o maior braço de uma organização internacional de tráfico de drogas, que também operava no litoral de São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis” (notícia).

"Dimitrius costumava atrair jovens de classe média alta para a quadrilha dele.
Em geral, praticantes de surfe, vôo-livre e outros esportes radicais. Jovens que falam inglês, costumam viajar para o exterior e que poderiam transportar drogas sem levantar muita suspeita."
Jornal Nacional.


Muita gente quer vir morar em Floripa, fugindo das grandes metrópoles, da poluição, da violência, da concorrência no vestibular e do que mais for. No entanto, o mercado de trabalho por aqui não é lá essas coisas.

Trata-se de uma cidade administrativa, com pouquíssimas indústrias e características bem provincianas. Bares e outros empreendimentos trazidos por paulistas descolados abrem e fecham a toda hora. Só temos um "grande" Shopping na Ilha. Outros dois estão prometidos, mas, como qualquer manezinha fuxiqueira*, direi "é ver para crer". Numa comparação com outras capitais, o teatro e a vida cultural são quase vergonhosos, pelo menos em número de eventos de qualidade. Os serviços, bom, não costumam ser um primor de profissionalismo.

Enfim, dependendo da profissão, é melhor mudar para cá com "a vida já feita". Alguns empresários e executivos deixam a família por aqui e passam a semana trabalhando em São Paulo.

Mas enfim, o que eu ia dizer é que nem por isso esse meninos precisavam esculhambar. Agora estamos na rota do tráfico internacional de drogas! Descobrimos que éramos uma ótima opção de filial para traficantes curtirem a vida e ainda trabalharem sossegados. Aqui encontravam jovens abonados e "espertos" que queriam "viver a vida sobre as ondas", na rota Floripa/Europa/Bali, com direito a uma esticada em Fernando de Noronha, "pirando o cabeção" e ainda ganhando uma baba. Para muitos, essa seria a receita do paraíso na Terra, se não fosse ilegal.

Delegado chega a Florianópolis com preso envolvido na Operação Playboy
Tina Braga - JB Online
FLORIANÓPOLIS - O delegado Fernando Amaro de Morais Caeron, coordenador da Operação Playboy, chega ainda hoje de manhã a Florianópolis, acompanhado Dimitrius Papageorgiu acusado de liderar quadrilha que utilizava surfista para levar cocaína para Europa e Ásia.


Por volta das 10h, o delegado dará entrevista à imprensa na sede da Polícia Federal quando apresentará Temístoles Emanuel da Silva e Rodolfo dos Santos também acusados de utilizar jovens surfistas e praticantes de vôo livre para levar droga para o exterior trazer drogas sintéticas para o Brasil.

Dimitrius ultimamente era visto com frequência no bairro Lagoa da Conceição, zona leste dessa capital, reduto de surfistas brasileiros e do exterior atraídos pelas ondas das praias Mole e Joaquina. Ele foi preso na quarta-feira passada em São Paulo quando chegava da França.

Outras pessoas foram presas durante a operação. Elas podem ter ligação com Sérgio Gularte, detido e condenado à morte na Indonésia, e que morou em Florianópolis.


Costumam dizer que Floripa então tem vocação para indústrias de tecnologia (não poluentes), turismo e esportes. E agora parece que também para o tráfico internacional de drogas. Bom, tiroteio nos morros, já temos.

Sempre ouvi uma fofoca sobre as famílias conhecidas, tradicionais, de políticos, de donos de redes de lojas e de revendedoras de veículos, que seriam traficantes. No entanto, o caso dos surfistas parece ser diferente, como um outro grupo, dos jovens radicais e "empreeendedores". Vai ver que estavam concorrendo.

Como prenderam poucas pessoas, dizem que ainda tem muito playboy por aí sem dormir ou "dando um tempo" da cidade.

E o pior é que todo mundo aqui conhece alguém, que conhece alguém... enfim.

Desejo do dia: bolo de cenoura!

* As obras começam a demorar e o pessoal começa a dizer que não vai sair mais, que o dono faliu, que fugiu com o dinheiro... Conhecendo esse lado ilhéu, uma das construções, que já começou há algum tempo, está com uma grande placa: "Estamos construindo o estacionamento". E tem gente que ainda não acredita.

sexta-feira, fevereiro 18

Play Back

Dia desses, minha mãe chegou aqui em casa e colocou uma caixa de papelão sobre a mesa: "Ó, tô colocando o teu passado aqui em cima", disse rindo. Era a caixa dos meus diários e agendas. Tenho me divertido muito desde de então.

Em alguns deles eu anotava os acontecimentos com uma precisão incrível: o que eu fiz, com quem, o que comi e o que pensei, todos os dias. De muitas pessoas e situações descritas eu não consigo me lembrar. Assustei-me também com alguns dos meus pensamentos. Muito estranho este encontro comigo mesma, ou várias de mim, mas depois eu conto mais sobre isso. A verdade é que tenho rido, ficado emocionada e até muito indignada comigo mesma.

Enquanto isso, do meu primeiro diário, achei uma historinha fofinha que escrevi quando tinha dez anos e adorava ler Vinícius de Moraes e companhia. Num meio momento esquizofrênico, tenho a impressão de ter ouvido a menina pedir, "Publica para mim?".

"Lá vem a chuva em forma de pinguinhos de prata
Daqui da janela parece que estou dentro de um navio que vai afundar
O sol é uma bola de ouro colorindo os pinguinhos de prata como pedras preciosas das cores do arco-íris
Nem a chuva parece alegrar o velho rabugento do casarão
Só ouço a música do vento. Que solidão!
Pim, pim, pim. Faz o barulhinho da chuva no meu telhado.
Miau, miau. Faz o gato em cima do muro, todo molhado.
Hihihi, hahaha, huhuhu. Fazem as crianças voltando a brincar.
Hum, hum, hum. Faz o velho do casarão.
Parece que ninguém se lembra da chuva em forma de pinguinhos de prata que acaba de passar.
Que solidão!" (1987)

Acabei de ler a história de um artista plástico que resolveu morar nas ruas para ajudar as pessoas. Incrível! Lembrei de São Francisco: notícia completa.
"Eu moro no mundo, mas não sou do mundo. Eu aprendi a ouvir com o coração e não com o ouvido. Eu vejo as coisas longe. Afinal, a minha obra não é essa [apontando os quadros]. A minha obra é fazer a caridade. Enquanto houver uma pessoa com frio, fome e medo é de minha responsabilidade. Eu não quero saber se o prefeito faz, se meu professor faz, ou outro faz. Mas sou eu que tenho que fazer. O teste é comigo". Disse ele.

Desejo do dia: Tranqüilidade.

quinta-feira, fevereiro 10

Momento jabá

Quer comprar um imóvel em Floripa? Entre na página da novíssima imobiliária da família e comece a escolher. O site é fresquinho e deverá trazer muito mais informações sobre a cidade, além de uma versão em inglês.

Quer uma jóia exclusiva? Transformar os bibelôs que estão guardados na caixinha em peças belíssimas? Meu pai é ourives e também professor desta arte tão rara e bacana para a qual infelizmente, não herdei o talento.

Um quadro ma-ra-vi-lho-so para um cantinho especial? Minha mãe é uma pintora incrível, com quadros espalhados pelo mundo.

E o meu jabá? Bom, ainda não sei o que será de mim. Estou aguardando uma resposta. Se ela não vier na semana que vem, quando acabam as férias do Bruno, terei que atualizar e começar a distribuir o meu currículo.

Além de uma expectativa mais cômoda, tenho duas ou três idéias do que fazer. Todas elas necessitam de uma certa dose de desafio e auto-confiança... mas, não é isso o que a vida está me dando? Um momento no qual eu não tenho nada a perder? No qual tudo é possível?

O Principe Charles está para se casar com a sua mocré... digo, dagrã..., digo, amada*. A Coréia do Norte anunciou que tem bomba nuclear sim senhor e que não está nem aí (sabe-se lá o que vai ser deste mundo nos próximos anos). A Ana Paula Padrão acaba de chamar o Jabor de machista em rede nacional. Há algo que eu não possa tentar, se quiser?

Medo de tentar uma realização pessoal, que só diz respeito a você, não é algo meio ilógico? Ou só se torna bobo quando visto à distância, do espaço ou do tempo?

Desejo do dia: lucidez e força de vontade.

*comentário preconceituoso e fuxiqueiro, admito, mas não resisto.

sexta-feira, fevereiro 4

Mulheres que parecem paisagens

"A libertação da mulher numa sociedade ignorante como a nossa deu nisso: superobjetos se pensando livres, mas aprisionados numa exterioridade corporal que apenas esconde pobres meninas famintas de amor e dinheiro." Arnaldo Jabor (será que foi ele mesmo? "Eu nunca escrev o Bunda Dura")

Quando cheguei em Hong Kong, estranhei a maneira de vestir das adolescentes chinesas. Roupas muito coloridas, sobrepostas, Hello Kitties, boinas, cabelos desfiados. Nem sinal de plataformas e decotes.

Agora, tenho sofrido estranheza semelhante diante das moçoilas de Floripa. As meninas são lindas, mas confundem os destraídos ao adotar o mesmo look básico: cabelo bem comprido, calça pescador jeans ou branca, plataforma altíssima, blusinha super-decotada de cor intensa, de preferência verde-limão ou rosa. Bolsa de mesma cor. Há variações em shortinhos, havaianas e vestidos. Acessórios em prata imensos e em quantidade.

A barriguinha, perfeitamente aceitável em jovens senhoras, torna-se indecente nesse look, abusando das dimensões da calça saint-tropez.

Pareço um ET no meu sapato baixo. Penso que cada um deve vestir o que bem lhe aprouver, mas no fundo não consigo deixar de perceber o quanto somos influenciados pelas tendencias de consumo. Não que eu seja lá muito original. Aos poucos vou me adaptando e deixo de observar essas coisas.

Depois dizem que os chineses é que são todos iguais.

Desejo do dia: Minha Internet não funciona desde que cheguei, socorro!

segunda-feira, janeiro 24

Momento de Contemplação

Chegamos em Floripa, depois de uma correria louca, de passarmos ilesos pela Receita com 150 quilos de bagagem, de 36 horas de viagem entre classe econômica e esperas em aeroportos. Mais uma vez passamos pela África, o lugar mais incrível que já conheci (ainda vou morar um tempo lá).

Seria infame dizer que meu mundo está literalmente de cabeça para baixo? Que eu não sei o que vou escrever aí em cima no título, nem o que continuar a escrever por aqui?

Agora além da correspondência atrasada com os amigos dos blogs e do Brasil, já começa o atraso com os de Hong Kong. Por onde começar?

Mais um momento de transformações, mais uma vez, força na peruca.

Desejo do dia: tomar tento.

quarta-feira, janeiro 12

Contagem regressiva e agressiva

Metade de mim está feliz em voltar, metade queria ficar.

Não há como ententender a mudança antes dela acontecer. Por mais que eu olhe para os lugares e as pessoas, tentando guardá-los dentro de mim, vai ser impossível não pensar muitas vezes "devia ter feito mais disso ou daquilo". Melhor nem pensar.

Esse mês tem sido assim, todo dia uma despedida, de algum lugar ou de alguém. Tempo para nada. O tempo que era tão meu cúmplice resolveu disparar sozinho na reta final, levando-me pendurada pelas rédeas, com apenas uma mão livre para dar um rápido tchau, abraçar, agarrar o que for possível, sem pensar.

Muitos dos nossos pertences simplesmente se recusam a entrar nas caixas e nas malas. Ficam alí, como se não fossemos embora nunca. Uma semana e os quadros ainda estão na parede, os porta-retratos em seus lugares, muitas roupas no armário. Só o tempo corre. O dia 20 se aproxima, acelerando na nossa direção e vai se chocar contra nós, jogando malas e passaportes em nossas mãos, no Aeroporto Internacional de Hong Kong.

Não posso acreditar que os amigos daqui não estarão mais por perto... mas é bom saber que em qualquer lugar do mundo poderemos encontrar pessoas incríveis, de todas as nacionalidades, crenças e diferenças. E há quem nos espere no Brasil, para diminuir as saudades que vinhamos tentando deixar de lado.

Compramos um quadrinho que diz: "Lar é onde seu coração está". Estamos levando-o para o Brasil.

Desejo do dia: aproveitar o tempo.

quarta-feira, janeiro 5

Então...

Koh Phi Phi, Tailândia, outubro de 2004, (outras fotos da viagem). As ondas vieram pelos dois lados. Outra foto da Ilha. Sobre a onda em Phi Phi.

Quando ficamos sabendo do Tsunami, estávamos numa Ilha das Filipinas cujo turismo é praticamente todo voltado para o mergulho. Lá existem apenas pequenas pousadas e dois locais com acesso à Internet, sendo que um deles não funcionava. Grande parte dos hotéis não tinha água quente, tomadas e TV somente nos bares. Por isso, demoramos a saber do desastre.

Fomos para lá porque ficava próximo do nosso destino, Negros, onde mais alguns casais de brasileiros nos esperavam para o Ano Novo. Resolvemos nos juntar para festejar e poderíamos facilmente ter escolhido Phuket para esse encontro, mas a maioria de nós já conhecia a Tailândia. Por isso, mesmo não tendo visto nem marola, todos ficamos abalados, pensando que poderíamos estar lá.

Amigos nossos estavam em Phuket, Maldivas e Sri lanka para as férias. Felizmente, todos conseguiram se salvar, com histórias extraordinárias. Mas todo mundo aqui conhece alguém, que conhece alguém que desapareceu. Não passou um dia em que eu não pensasse nas pessoas que conhecemos em Phi Phi e, apesar de ter procurado notícias na Internet, ainda não sei se estão bem.

Em Santa Catarina, já vimos enchentes em Blumenau, Floripa, Tubarão e arredores, com muitas perdas e sofrimento, mas vendo as fotos da Ásia, dos lugares que conheci, posso dizer que trata-se de uma destruição inigualável.

Vilas e vilas que desapareceram... e só o que se pode fazer agora é cuidar dos vivos. Tentar construir algo melhor, uma vida melhor para pessoas que já passavam dificuldades antes. Tentar aprender essa lição que a Terra nos impôs com tanta força, colocando em risco a sua própria estrutura.


Desejo do dia: saúde.
Agradecemos as mensagens e a preocupação. Estou colocando a correspondência em dia.