terça-feira, março 18

Personalidade

Somente quem é de SC vai entender o motivo de todos cantarem com tanto entusiasmo, neste clip da música "Certos Amigos", do Grupo Expresso. É o fundo para este post.

"Se certos amigos nos mostram que o mundo ainda é bom...
Por saber, que tendo você do meu lado eu me sinto mais forte
Quero beijar o teu rosto e pegar tua mão
Se cada estrela no céu é um amigo na Terra
A força do acaso do encontro é uma constelação"

Há tantos assuntos interessantes nesse mundo sobre os quais eu não sei muito...

Será que algum deles me ajudaria a saber mais sobre mim? Entender sobre personalidades, ego, a razão de eu ser como sou. Entender sobre filosofia e suas correntes. Entender sobre religiões e seus dogmas. Saber mais sobre literatura e sobre todos aqueles que criaram personagens para divagar sobre a alma humana.

Mas, para além desses temas, ninguém revela mais sobre mim do que meus amigos. Incluindo entre eles a minha família. Eles têm espelhos nos olhos. (Nem sempre eu gosto do que eu vejo.)

Esse é o meu critério para gostar de alguém logo de cara: olhos límpidos.

Com a máscara do trabalho eu me saio bem, afinal, é preciso dedicação e eu compreendo as regras. No entanto, na vida social eu sei que sou meio Brigit Jones, falo sem pensar, falo o que penso, dou muitos furos, sou tímida, distraída e até egoísta. O Bruno costuma dizer que, em alguns casos, eu não faço "questão de agradar". Mas qual a pílula que se toma para isso? A do tempo e da experiência? No fundo, creio que os maiores ensinamentos que recebo vêm dos olhos dos meus amigos e algumas vezes, das suas palavras. E acaba sendo o amor, essa força incrível, que está em tudo o que é vivo, que me faz desejar ser melhor do que eu sou.

(E por falar nesse amor, lembrei de uma notícia, que li esta semana, sobre um golfinho que ajudou as pessoas de uma praia a desencalhar duas baleias. E eles são de espécies diferentes!)

A gente, bicho curioso, procura explicações até no nome:
"LILIANA - De origem italiana, deriva da palavra latina lilium, a flor-de-lírio. Portanto, é um anthostônimo ( nome de flor). Este nome foi largamente utilizado por todos os povos, assim sendo, surgiram muitas derivações no espanhol:Lilian ; no francês Liliane; inglês: Lilian ou Lily. Liliana - Do inglês Lilian, que significa pura, inocente. Variantes: Liliane, Liliam, Liliosa. É dotada de um temperamento impulsivo, que não cede diante de nenhum tipo de pressão. Luta para alcançar suas metas. Sempre investe com sabedoria e precaução."

E procurando mais sobre o tema, encontrei essa linda declaração de amor a uma Liliane, que diz que o significado do lírio é "te desafio a me amar".

Desejo do dia: um bom descanço para um querido professor que faleceu esta noite. Ele tinha olhos límpidos e me ensinou lições importantes. Difícil acreditar que ele se foi.

quinta-feira, março 6

Fernando de Noronha, finalmente!

(Sim, uma pausa na suada dissertação.)




















A Ilha nos recebe com um arco-íris nos Dois Irmãos. Um sorriso?
É notório que Fernando de Noronha é um lugar belíssimo, sendo destino dos sonhos de muitas pessoas que eu conheço, em parte por causa das inúmeras reportagens que mostram o local como um paraíso na Terra. E é lindo mesmo. No entanto, o que mais me encantou não foi a paisagem, mas a vida, o contato com uma natureza que não se sente ameaçada pelo homem. Grandes Resorts, espreguiçadeiras na praia, chalés a poucos metros da areia, isso não existe por lá. Mesmo os hotéis mais arrumadinhos não ficam na beira da praia. As praias mais belas (para nós, a Baía dos Porcos, a Praia do Sancho e a Praia do Leão) ficam distantes das vilas e ainda que se vá de buggie, é preciso caminhar um tanto. Há pouquíssima gente durante o dia. Chegamos a ficar sozinhos várias vezes, mesmo em alta temporada. E são cheias de vida.
Em nosso primeiro dia, decidimos fazer uma caminhada pelas praias do mar de dentro, partindo da Vila dos Remédios. No caminho, ficamos admirados com os mergulhos dos enormes atobás nas ondas. Eles não mostravam nenhum receio e mergulhavam e nadavam ao lado das poucas pessoas que encontramos.












Foto: Bruno, no começo da nossa caminhada.
Depois de cerca de uma hora caminhando, passamos pela praia da Cacimba do Padre, onde estava acontecendo um campeonato de surf e portanto a praia estava “lotada”, com umas cento e cinquenta pessoas.
Mas eu queria chegar logo na próxima praia, a Baía dos Porcos, que eu já adorava por fotos, uma pequena baía de cerca de 50 metros, famosa por aparecer nas principais imagens dos montes Dois Irmãos, símbolos da Ilha. Eu queria mergulhar ali porque era lindo. Ao preparar o snorkel, de fora da água, vimos uma tartaruga boiando para respirar. Corremos, achando que ela iria a algum lugar. Que nada, ficou ali, do nosso lado, a cerca de dois metros da areia, bicando as algas da pedra. Ali estava também outra tartaruga, maiorzinha. E logo vimos mais duas arraias e muitos outros peixes interessantes, como o estranho peixe cofre. Nas árvores à beira da praia, muitos ninhos de aves marinhas, como as viuvinhas e noivinhas.






Foto: Baía dos Porcos.
Quando a maré subiu, caminhamos até a próxima praia, do Sancho, também lindíssima, cujo acesso se dá por uma escada de ferro, como as de incêndio, em uma fenda na rocha e depois, alguns metros de escadaria irregular. Subimos e caminhamos por uma trilha de 150 metros até a bela vista da Baía dos Golfinhos. A Ilha tem uma vegetação seca (fazia tempo que não chovia descentemente) e uma fauna bem restrita, formada por pássaros como uma espécie de pomba com pezinhos vermelhos, que caminha entre as árvores, lagartos e uns mini-lagartinhos chamados mambuias e preazinhos chamados mocó. Não há cobras por lá.

Foto: Praia do Sancho.
Depois deste dia, descobrímos que onde quer que mergulhássemos, de cilindro ou não, haveria muita vida. Encontramos muitas tartarugas, arraias, tubarões, polvo, lagostas, linguados, enguias e centenas de espécies de peixes. Na praia do Sueste é possível nadar em meio a pelo menos uma dúzia de tartarugas de vários tamanhos. Todas as praias são povoadas por lindos linguados coloridos. Acho que nunca mais vou conseguir comer um polvo ou um linguado. No entanto, na praia do Leão, fizemos um divertido mergulho de snorkel em meio a um gigantesco cardume de sardinhas, e eu me senti mais solidária aos atobás que também mergulhavam conosco, pescando as sardinhas. Alguns peixes me parecem mesmo com comida.
E os golfinhos? De vez em quando eu olhava para o mar, e lá, ao longe, estava um grupo passando, saltando. Chegamos bem perto deles em um passeio de barco, mas ainda não realizei o sonho de encontrá-los embaixo da água.
As estrelas da viagem, para mim, foram as tartarugas, por ter tido tantas chances de estar bem próxima delas. Ainda tivemos o privilégio de fazer um “passeio” que consistia em passar a noite na Praia do Leão com um biólogo do Projeto Tamar, com o objetivo assistir à desova das tartarugas verdes gigantes. INCRÍVEL!
Chegamos na praia às nove horas de uma noite de lua cheia e já pudemos ver os rastros de duas tartarugas que haviam subido para desovar. Não dá para descrever aqui o sentimento de presenciar todo o processo desse ser imenso (as duas tinham 1,05m e 1,10m) e dócil. Acompanhar a sua aventura ao sair do mar, subir muitos metros até as dunas, arrastando seus cerca de 250 quilos (que na água flutuam), cavar por horas, com suas nadadeiras macias, em uma respiração profunda, olhando para nós, com os olhos mais doces e, depois de horas de esforço, arrastar-se de volta para a água, onde vai atravessar o mundo, nesse oceano infinito. Após a desova, pudemos deitar ao seu lado e tocá-la com cuidado.


Passamos a noite em uma cabana (a única da Ilha que fica na praia) e pela manhã, além da linda vista da praia, fomos presenteados com a visão de um ninho que havia aberto durante a noite e testemunhamos as novas tartaruguinhas partindo para sua jornada pelo mar. Apenas uma em mil sobrevivem até a idade adulta e, não importa o quanto viagem pelo mundo, depois de muitos anos e quilos, elas voltarão para desovar na praia em que nasceram.
Fizemos muitas caminhadas, mergulhos, conhecemos muita pessoas legais, mas sobretudo, estivemos mais perto dos outros seres da natureza do que nunca, e pudemos olhar em seus olhos, nadar lado a lado e entender que o paraíso não é paraíso porque é lindo e sim porque é cheio de vida...
em paz.

Desejo do dia: raciocínio.