segunda-feira, maio 22

Um questão: princípios

Quanto aos anos 80, eu só posso falar das minhas impressões e não me arrisco a falar das impressões dos jovens de outras épocas, nem dessa mesma. Aliás, deveo reclamar dos meus contemporâneos, que escrevem pouco sobre isso.

Eu poderia afirmar que ser jovem é sempre difícil em qualquer época, mas logo vai aparecer alguém dizendo que teve uma juventude tranqüila. Cada um de nós tem a sua impressão, a sua perspectiva a respeito do mundo e da sua história. Eu só posso falar de mim e brincar com a minha experiência dos anos 80, sem nunca descrevê-la de forma total, nem para mim mesma. Já comentei aqui que, nas leituras que fiz dos meus diários, descobri que muitas vezes eu não pensava como eu lembrava que pensava.

Admitindo que todas as épocas trazem dificuldades e que há sempre a promessa de um mundo melhor, pergunto: será que nós vivemos no mundo melhor que alguém sonhou? Ou apesar de todas as tentativas, esse objetivo nunca foi alcançado? E sendo assim: um mundo melhor é possível? Como diz o pessoal do Forum Social Mundial, "um outro mundo é possível"?

Bom, um mundo melhor para quem? Em que sentido? Com quais meios? Afinal, os terroristas também não estão lutando por um mundo melhor?

Dentre esses devaneios, um ponto chama a minha atenção, a questão dos princípios. Que princípios regem a minha conduta e embasam o meu mundo ideal? O que acredito ser certo? É o mesmo que pensam os outros? Quem está certo? Qual o problema de pensarmos de forma diferente? O que vamos fazer com essas diferenças? Lutar até que um de nós vença?

Penso que todos deveríamos ter claros nossos princípios. Não somente os que são impostos pela ONU ou pelas religiões, mas os que realmente guiam nossa postura, nossas atitudes e sonhos.

Se acredito que todas as pessoas são iguais e têm os mesmos direitos, em que condições eu me considero igual aos outros? Nem melhor, nem pior. Será que em algum momento eu não me considero melhor? Por quê? Em algum momento eu deixo de lado aqueles que eu digo que são os meus princípios? Como justifico isso?

Sim, é uma questão de ética, uma questão que deveria ser debatida nas escolas e em todos os âmbitos da sociedade. De outro modo, perde-se a noção de direção, de sentido de mundo. E não importa que os princípios sejam religiosos, pois se levássemos em conta os reais princípios do cristianismo e do islamismo, talvez tívessemos um mundo com maior paz.

Para ser coerente, preciso refletir sobre a relação entre o mundo que eu desejo e as minhas atitudes diárias. Como eu ajo com as pessoas de quem eu não gosto, como eu reajo quando estou contrariada, de que forma eu trato a mim mesma. Conheço algumas pessoas que dizem a amar a todo mundo, mas que tratam a si mesmas com creldade. Os ecologistas se perguntariam sobre a ecologia das relações entre cada um e o mundo, cada um e os outros e entre cada um e si mesmo.

Em verdade, ainda não tenho definidos todos os meus princípios. No meu caso, cresci num ambiente livre em crença e ao mesmo tempo, poderoso em exemplo. Agora, por não ter uma cartilha a seguir, tenho que buscar meus próprios parâmetros.

Alguém pode perguntar: para que ser coerente?

Mas, eu penso: existe outra forma de viver? Essa é a minha visão de mundo, que eu ainda não sei bem como explicar.

Desejo do dia: ler.
Da mesma forma, no mestrado, estou buscando a minha fundamentação de visão de mundo, para poder defender meu trabalho de desenvolvimento local. Não se parece, por enquanto, com nada que eu já tenha lido, mas tenho muito ainda para estudar.

Nenhum comentário: