Estou agora me perguntando se devo ir para a aula de carro. Ouço daqui as sirenes. Não dá para saber o que está acontecendo. As pessoas se telefonam, avisam: "É melhor não sair agora!". Todos se perguntam: "Estais sabendo de alguma coisa?". "Estão prometendo algo grande para hoje". "Estão vindo ônibus de outras lugares para cá", de Porto Alegre e Curitiba, estão dizendo, para ajudar nas manifestações. O fato é que na noite passada, perdeu-se o controle. Hoje vi alguns vidros e calçadas quebradas no Centro. Dizem que as lajotas das calçadas foram arrancadas para serem atiradas nos vidros. O quebra-quebra atingiu uma sede do Banco do Brasil e o prédio antigo da Câmara de Vereadores.
Diante disto, hoje, as pessoas estavam sendo liberadas da Prefeitura mais cedo.
A semana tem sido assim, tensão na hora de sair de casa ou do trabalho, trechos desviados em função da movimentação das manifestações, incerteza.
Hoje, dizem, a "coisa vai ser grande". Há muitos grupos de policias em alerta pela cidade. Na cabeceira das pontes que ligam a cidade ao continente, a polícia montou um QG, com tendas verdes, caminhões e, dizem, até um tanque. Este eu não vi.
"Os organizadores do movimento tentaram fazer com que os manifestantes seguissem pacificamente em passeata pelo centro, mas muitos se recusaram e invadiram o terminal urbano, depredando ônibus e instalações."
"A situação ficou fora de controle, houve quebra-quebra no terminal Cidade de Florianópolis (de onde partem as linhas intermunicipais urbanas) e na praça 15 de Novembro. O antigo prédio da Câmara de Vereadores, patrimônio histórico, foi apedrejado e houve um princípio de incêndio no interior do prédio, contido a tempo. A polícia passou a perseguir os estudantes ao longo de várias ruas do centro. Por volta das 21 horas, a PM já havia ocupado a praça 15. Um grupo mais reduzido de manifestantes voltou a concentrar-se em frente ao Ticen. "Perdemos o controle, há vários grupos agindo de forma autônoma e depredando a cidade", admitiu o presidente da União Catarinense dos Estudantes, Tiago Andrino." (AN)
Balas de borracha, bombas de gás, depredação. Numa cidade não muito grande como Florianópolis, o confronto entre policiais e estudantes é quase de família. Aqui, pode-se confiar na polícia, mas eles estão irritados, percebe-se. Os menos preparados já perderam o controle, serão punidos. Algumas pessoas estão muito irritadas por terem suas vidas e caminhos alterados. Também pelos carros apedrejados.
O Prefeito desafiou, dizendo que, com ele na Prefeitura, ninguém fecha a ponte. Eu, se fosse estudante, só de birra, encontraria um meio de fechá-la.
Vejam que não estou tratando do valor ou não do tema das manifestações: o aumento da tarifa do ônibus urbano, uma das mais caras do país (mínima 1,75 reais) num monopólio do sistema de transporte que há anos domina a cidade e consegue acordos vantajosos com os governos, por um serviço que não merece.
É só uma questão de descontrole. De alguns estudantes, de alguns policias, do sistema de negociação das concessões.
Ainda não sabemos como discutir e resolver determinadas questões em nossa sociedade. Em qualquer País, por qualquer motivo, ainda temos as grandes manifestações, dos que desejam lutar pelos direitos e dos que se aproveitam disso para liberar seu lado agressivo. Mais que tudo, ainda não sabemos votar.
Vou para a aula. Se não der para passar, eu volto.
Desejo do dia: segurança.
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