quarta-feira, junho 8
Fusuê
Panfleto que está sendo distribuído pela cidade.
No começo da noite de hoje, fui comprar um calzone e encontrei ao lado do caixa, o singelo bilhetinho acima. Perguntei se o problema já não havia sido resolvido e disseram que não, que naquele exato momento estavam ocorrendo as manifestações. Mais tarde, na Universidade Federal, pude ver também os cartazes que diziam ainda algo como "organize a mobilização no seu bairro, amanhã não pague passagem". O povo está mesmo empenhado.
Como quem está de fora, vejo todo tipo de opinião: estudantes animados com a possibilidade da vitória; amigos preocupados com a segurança dos filhos; uma outra com a tia que estava nervosa num num ônibus que quase foi virado pela multidão; uma mulher que teve a filha presa, ouvi de relance, enquanto ela comentava que a menina havia escrito uma canção na cadeia, depois de sonhar que estava apanhando dos policiais; um médico que atendeu policiais feridos; um jovem que denuncia a truculência dos policiais, das prisões e balas de borracha, e ataca as decisões que o governo tem tomado na tentativa de resolver a questão.
Trabalhei muito esses dias e felizmente não tenho dado de de cara os horários das manifestações. Todo dia, por volta das 18:00 h, o pessoal começa a ligar para perguntar como estão as coisas nas proximidades dos terminais. Antes de ontem, parece que houve paralização à tarde e os ônibus voltaram a circular às 18:30 h, quer dizer, os que conseguiram, pois muitos estavam com pneus furados. Encontrei um desses no caminho, no meio da pista, completamente arriado.
E ai de quem vier me dizer que tenho que ter maior consciência social e me envolver mais nessa questão. Tenho trabalhado arduamente na Prefeitura de São José, planejando e buscando recursos para desenvolver projetos de saúde, fora os projetos desenvolvidos pela ONG. Eu sei que há muitos problemas graves acontecendo, mas cada um de nós encontra a sua maneira de tornar esse mundo mais justo. Cada qual com as suas habilidades, a minha é o planejamento.
Já discuti muito com um colega do curso de Direito que dizia que a saída para a nossa sociedade era uma revolução armada dos trabalhadores. Admiro muito as lideranças jovens, conscientes. No entanto, é difícil detectar a diferença entre os ativistas conscientes e a massa de manobra. É triste descobrir que por trás de muita coisa que parece justa estão as velhas raposas astutas da política - algumas delas bem jovens.
De qualquer forma, se tiver um tempinho, vou tentar dar uma espiada na manifestação.
Ah, TICEN é Terminal Integrado do Centro.
Desejo do dia: a famosa boa noite de sono.
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